Quando começou a trabalhar tinha pouco mais de vinte e dois anos. Ela e o irmão tiveram que assumir o lugar do pai, na empresa que este possuía, devido ao seu falecimento. O mundo dos curtumes era um mundo de homens. Gabriela Rosa, que recebe o Galardão Mulher Empresária, sentiu todo o peso do machismo. Lutou e impôs-se mas sente que as mulheres ainda continuam a ser olhadas de lado.Curiosamente é no estrangeiro que mais sente essa discriminação. Diz que, sem o irmão a seu lado a vida empresarial teria sido muito mais complicada. O pai, José Maria Cardoso Lopes Rosa, estava no sector dos curtumes desde 1963. Os filhos deram seguimento à sua obra na Curtumes Ibéria, S.A. em Vila Moreira, Alcanena. A empresa possui uma estrutura comercial organizada em Espanha, a Curtidos Extremadura S.L. com armazéns em Cádis, Alicante, Saragoça, La Rioja e Fuensalida. A julgar pelo cenário em que se move e pelo que diz, os portugueses estão à frente dos espanhóis em termos de igualdade de sexos.Vinda de um curso de secretariado e gestão de empresas, Gabriela Rosa começou logo a trabalhar na parte administrativa da empresa. Mas quando era preciso, no final do dia, também dava uma ajuda na produção. Quando olha para a fábrica consegue ver a sua marca pessoal e isso fá-la sentir-se bem. Com o pai aprendeu o valor da honestidade e da ponderação. Lembra-se sempre de ele lhe explicar que se só se comprava uma máquina quando se tinha dinheiro para comprar duas. A empresária que recebe o Galardão Mulher Empresária é perfeccionista, humilde e muito organizada. Só assim lhe foi possível conciliar a vida empresarial com a vida familiar. Diz que tem tempo para tudo. Para ser empresária, mãe, companheira. Nunca teve insónias e tem por lema não falar de trabalho em casa. Consegue ter tempo para si própria. Pouco mas bom. Como tem uma actividade profissional intensa aprecia os momentos em que, pura e simplesmente, não faz nada. Arrumar a casa também lhe dá algum distanciamento do mundo empresarial. No entanto, nem sempre foi tão contemplativa. Viajou muito e participava em raides todo-o-terreno. Tem uma filha com 24 anos. Há quatro anos teve um menino. O nascimento do Martim fez-lhe abrandar o ritmo. No dia a dia não gosta de dar nas vistas mas não dispensa o contacto com as pessoas, nomeadamente com os trabalhadores da empresa. Considera-se uma pessoa sensível.