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Tocadores de instrumentos tradicionais mostram o que valem em Alcanhões

Tocadores de instrumentos tradicionais mostram o que valem em Alcanhões

Mestre Joaquim Fonseca “Janoto”, do Vale de Santarém, move as tracanholas no braço direito a velocidade considerável, enquanto a mão esquerda vai passando a gaita-de-beiços pelos lábios. Pelo meio da actuação o veterano leva os dedos à língua para lubrificar a máquina e após dois enérgicos números recebe o merecido aplauso do público.Sábado, dia 8, o mercado de Alcanhões foi palco para o décimo Encontro de Tocadores de Instrumentos Tradicionais. Um toque a reunir do que melhor se faz pelo país que contou com a participação de cerca de 80 tocadores e cantadores. E que mostra que quando o homem põe a imaginação ao seu serviço consegue produzir melodias do arco-da-velha.Entre as bancas tapadas da venda de legumes, fruta, peixe e carne, tapadas por lonas, junto a mesas e bancos corridos onde a sopa da pedra, o pão e o vinho compensaram o vento frio que entrou pelas portas do recinto, os protagonistas acercaram-se do palco cerca das dez da noite. Elementos do Rancho Folclórico de Alcanhões abriram as hostilidades entre veteranos munidos de bandolins, gaitas-de-beiços e um jovem aprendiz de concertina.Do Besclore, grupo de Lisboa com elementos jovens que promove a música do Minho, sobressaiu a voz aguda da cantadeira a fazer lembrar os viras minhotos. Pelo Rancho da Casa do Povo de Salvaterra de Magos, Fernando Luís dominou a concertina e o harmónio, enquanto um pequeno dominava a arte de tocar cana rachada sem tirar os olhos do instrumento.A voz forte da cantadeira da Mugideira, Torres Vedras, silenciou a plateia que ouviu com atenção o timbre potente da veterana. Já Joaquim Gaiteiro, também do Oeste, pegou na sua gaita-de-foles e encheu as bochechas para fazer soar os sons característicos do instrumento de sopro. Perante uma plateia maioritariamente composta por cinquentões e acima dessa fasquia não faltaram ao convite os Rosas do Lena (Batalha) com o sapo. Instrumento que reproduz o mesmo som que o reco-reco mas que é feito de canas e em forma de pirâmide, através do qual é passado um reco.Um dos momentos fortes da noite foi a actuação do jovem nortenho Cristiano que com a sua concertina demonstrou empenho, esforço físico e expressões faciais que denotam o gosto que tem pela arte. Depois da primeira e longa actuação, veio a segunda e a terceira até o suor lhe escorrer pelo rosto. Uma mescla de tocadores e cantadores de Pedroso (Gaia), Pampilhosa da Serra e Mourisca do Vouga terminou a noite em beleza. Com cantares ao desafio foram provocando o público e contando histórias em tempo real.
Tocadores de instrumentos tradicionais mostram o que valem em Alcanhões

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