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Delirante Manuel Serra d’Aire

Delirante Manuel Serra d’Aire

Não sei se alguma vez sofreste a humilhação de ficares à porta de uma discoteca porque não levavas acompanhamento feminino. Eu passei algumas vezes por essa tragédia na minha turbulenta adolescência e confesso que não gostei. Até porque essa era uma prerrogativa estúpida e incoerente a meus olhos: eu ia à discoteca para tentar sair acompanhado e não para exibir troféus de caça à entrada. Mas os gerentes e os seguranças tinham obviamente outra opinião. Essa prática foi entretanto mais ou menos banida, mas ficaram resquícios que se estenderam a outras áreas. A síndroma do porteiro de discoteca dos anos 80 tem na vereadora da Câmara de Almeirim Joana Vidinha um belo exemplo. Impedir os funcionários municipais que vivem em união de facto de levarem os companheiros à festa de Natal da autarquia é soberbo como demonstração de apartheid, ainda que em versão socialista. Mesmo assim a boa vontade da vereadora Vidinha podia ter ido um pouco mais longe. Aliás, essa é uma triste característica lusitana. Contentamo-nos com pouco. Falta-nos ambição. Nos tempos dos Descobrimentos fomos até à Índia, à China e à Madeira, mas não chegámos à Lua. O que ainda hoje me deixa descorçoado. É dentro desse espírito de exigência que devemos cultivar enquanto povo que afirmo convictamente que esta medida teria muito mais sainete se a vereadora Joana só permitisse a entrada a funcionários casados por um padre e com os filhos devidamente baptizados segundo os mandamentos da Santa Madre Igreja. E já agora, como faziam algumas das tais discotecas dos anos 80 que tinham a mania que eram finas, deviam vedar também a entrada a quem se apresentasse de ténis ou calças de ganga. Isso sim, mereceria por certo uma visita do 24 Horas ou da TVI. Assim, a proeza fica-se por esta modesta meia página que eu e tu tentamos semanalmente avacalhar o melhor que podemos e sabemos.Não sei se a deputada Luísa Mesquita é cristã, mas se for bem pode dar graças ao Menino Jesus pelas prendas de Natal antecipadas com que foi bafejada. Para além de ter sido expulsa do PCP, o que lhe confere aquela aura de mártir tão apreciada pelo Zé Povinho, ainda ganhou como bónus 28 mil euros anuais para despesas do seu gabinete de apoio na Assembleia da República, agora que passou a deputada independente. A isto se chama ganhar a sorte grande e a terminação, embora a ordem neste caso seja aleatória. Claro que não me passa pela cabeça que a deputada vá tirar proveito directo desses 28 mil euros. Já lhe chega o ordenado da Assembleia da República que agora entra inteirinho em casa, sem desvios para o partido. E como Luísa Mesquita vai por certo precisar de um bom assessor para a ajudar (a gastar essa massa) no seu trabalho político, aqui estou eu mais uma vez na linha da frente oferecendo os meus préstimos com o descaramento de um tachista encartado. Deseja-me sorte!Uma vénia cheia de graxa deste servidor que se assinaSerafim das Neves
Delirante Manuel Serra d’Aire

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