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Jovem morre electrocutado nas instalações da Fernave

Chamo-me Daniel Lopes Simões e sou pai de um dos formandos presentes no local do acidente que vitimou mortalmente o jovem formando da Fernave, Ivo Lima. O meu filho era o seu melhor amigo e era colega de turma.Além de lamentar o sucedido, cumpre-me dizer, em jeito de reacção aos factos descritos na vossa notícia, que apesar da sirene dos Bombeiros Voluntários do Entroncamento costumar tocar às 13h todos os domingos, esta não poderia estar na origem deste acidente pois os factos que levaram à morte do Ivo tiveram lugar bastante depois das 13h, por volta das 13h24m. Para além disto os jovens descreveram "sons de sirenes juntamente com ruídos de automóveis que indicavam tratar-se de uma perseguição em velocidade".Na notícia lê-se ainda que os jovens "estiveram grande parte do dia a ser avaliados por uma psicóloga". Eu próprio tinha solicitado à direcção da Fernave a presença de um psicólogo para acompanhar os jovens envolvidos e restantes alunos daquele centro.Na Segunda-feira seguinte ao acidente, deslocou-se às instalações da Fernave, vinda da parte da Refer (entidade que, suponho, detém a tutela daquele centro de formação) uma senhora que se apresentou como estando ligada ao sector da segurança no trabalho e saúde laboral e que em momento algum disse ser psicóloga. Estive presente durante parte do tempo que essa senhora passou com os alunos, que não foi, no total, mais de uma hora e meia.Durante esse tempo causaram-me estranheza os termos empregues pela dita senhora na sua conversa com os alunos. Tomando notas num caderno que mantinha bem à vista de todos, usava expressões como "Ivo Lima - Morto" e verbalmente dirigia-se aos alunos empregando termos como "a morte do vosso amigo" e "já todos sabemos que ele morreu". Parecem-me expressões desnecessariamente violentas quando se está a falar a dois adolescentes que acabavam de ver cair a seus pés um colega e amigo, fulminado por uma descarga eléctrica quando nada o fazia prever.Para não me alongar mais, quero apenas salientar alguns factos que se me afiguram importantes. Começo por relatar o que me foi transmitido pessoalmente por dois elementos da direcção da Fernave. O troço de via-férrea onde ocorreu a morte do Ivo Lima, era originalmente usado para instrução de maquinistas mas desde há vários anos serve apenas como depósito de carruagens e locomotivas que já não se encontram em uso. Foi a uma dessas carruagens que o jovem trepou e foi aí que encontrou a causa da sua morte. Sendo aquela uma via que está a servir meramente como "armazém de veículos em fim de vida", não se compreende como a Refer mantém ligada a corrente com uma tensão de 25.000 volts. Esta via, e isto é o mais chocante, encontra-se dentro das instalações da Fernave, escola frequentada diariamente por dezenas de alunos com idades entre os 14 e os 22 anos.De salientar que não existe no local qualquer vedação que impeça o acesso de alunos ou de quem quer que seja à mesma via, nem sequer existe sinalética informativa dos perigos latentes. Agradeço a oportunidade de expressar a minha opinião nesta matéria e espero através de O MIRANTE trazer a verdade ao conhecimento de todos.Daniel Lopes Simões

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