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Ribombante Manuel Serra d’Aire

Vivemos tempos de abstinência. Para uns voluntária, para outros, como eu, forçada e prolongada. Há gente que jejua estes 40 dias e depois passa o resto do ano à tripa-forra, a empanturrar-se de picanha e maminha do Brasil. Para esses, esta quarentena até faz bem para baixar os níveis do colesterol, porque um homem não é de ferro. Mas a mim, meu caro, o jejum dura todo o ano. Ou quase. Se o Natal é quando o homem quiser, então a Quaresma é quando à mulher não lhe apetece. E eu bem sei quantos fiéis leitores pensam o mesmo. Não há ressurreição que nos valha. Só por isso já merecemos o céu.Tal como o merecem os aposentados nórdicos que vão encher os empreendimentos turístico-clínicos previstos para a região. O mais recente projecto anunciado é para Abrantes. São setecentos e tal quartos, c’um catano! E se contarmos com os também já anunciados mega aldeamentos para Torres Novas e para Santarém ficamos com capacidade instalada para albergar meia Noruega, bacalhaus incluídos.Só que não me parece justo o tratamento que querem dar aos velhos vikings, que alguma patifaria hão-de ter feito ao longo da sua vida de trabalho para merecer tal desdita. Ser deportado para Portugal não é coisa que se faça a um cidadão habituado a um nível de civilização de primeira divisão. Se contam aos pobres reformados que vão ser desterrados para um país onde se escarra fragorosamente para o chão, onde se comem túbaros e tripas e os esgotos correm triunfantes a céu aberto estou convencido que a maior parte não chega a embarcar: morre de enfarte na hora e com isso poupa algum sofrimento. Lépido Manel, até agora tenho estado a ver a coisa pela óptica do utilizador nórdico. Mas pela nossa parte, a dos portugas, também não há motivos para grandes euforias. Se limpar o rabo a velhos e despejar algálias é o arquétipo de realização profissional para alguns, para mim são tarefas que não me convencem minimamente. É verdade que ser contínuo na Assembleia da República ou roupeiro do Benfica poderá ser bem pior. Mas um homem tem que ter ambição…Por último, tenho de dizer que não percebo essa do presidente da Câmara do Cartaxo fazer alusões críticas ao seu ex-vice Pedro Ribeiro por ter sido contratado para assessor do secretário de Estado da Justiça Conde Rodrigues quando ficou sem pelouros. Caramba, se Caldas acha que Ribeiro não tinha condições para desempenhar tarefas autárquicas no concelho até devia dar graças a Deus por se ter livrado dele e deixá-lo estar sossegadinho lá em Lisboa, onde ninguém dá por ele. As guerras da política não nos podem turvar as ideias. O mesmo aliás acontece relativamente a José Sócrates. O homem pode não ser nada de especial como primeiro-ministro, mas era bem mais nocivo para o país se continuasse a fazer projectos para habitações. Deixemo-lo pois em paz e louvemos o Senhor por o ter afastado do estirador…Uma despedida à francesa do Serafim das Neves

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