Pela primeira vez em dez anos a bancada social-democrata na Assembleia Municipal de Tomar fez uma crítica pública à estratégia que tem vindo a ser implementada pelo executivo da sua cor política no que respeita ao turismo. Na sua intervenção, a propósito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), do turismo e do desenvolvimento regional, a deputada municipal Graça Costa, porta-voz do grupo municipal social-democrata na última sessão, por ausência do líder da bancada, admitiu que apesar de o concelho ter enormes potencialidades turísticas “tem sido subaproveitado por intervenções pontuais e pouco estruturantes”.“Penso que chegou a hora de repensar a política de turismo para a região de forma integrada, envolvendo a parte urbana e rural do concelho, com vista a potenciá-lo como verdadeira força motriz de desenvolvimento estratégico”, disse, adiantando que embora as potencialidades do concelho em matéria de turismo estejam evidenciadas nos pressupostos do Programa Operacional para a Região Centro - aparecendo o Convento de Cristo e o núcleo histórico da cidade como referência – “a singularidade desse património construído não constitui, por si só, valor acrescentado em termos turísticos”. Graça Costa foi ainda mais longe ao salientar que concelhos que, como o de Tomar, possuem uma inestimável riqueza turístico-patrimonial, cometem muitas vezes o erro de sobrevalorizar o património em si mesmo, “como se ele preenchesse todas as necessidades dos turistas ou assegurasse o desenvolvimento local apenas pela sua existência. Nada mais errado”.Afirmando que o QREN pode constituir-se como uma janela de oportunidades para investimentos estruturais e estruturantes, a deputada social-democrata lembrou no entanto que tudo o resto “serão decisões políticas”, na definição e assumpção de prioridades, de capacidade de pensar, planear e executar, envolvendo as forças vivas do concelho e as sinergias que o próprio projecto possa gerar.Comparando Tomar a um diamante em estado quase puro, a deputada ressalvou que o concelho terá tudo para se tornar uma jóia rara e apetecível se for colocada na mão de lapidadores cuidadosos, conscientes e hábeis. “De contrário será uma jóia vulgar, talvez bonita, mas sem chama e igual a tantas outras”, finalizou, em forma de recado ao executivo agora comandando por Corvelo de Sousa.