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Palavras “de raiva” escritas depois do clarim impor o silêncio

Palavras “de raiva” escritas depois do clarim impor o silêncio

José Niza e O MIRANTE apresentaram “Poemas de Guerra” em Santarém

O livro vai ser distribuído esta semana com as edições de O MIRANTE e do Expresso.

Era depois de se ouvir o toque de silêncio que começava a segunda vida de José Niza na guerra colonial, onde esteve de 1969 a 1971. Pela noite dentro, no norte de Angola, compunha músicas e escrevia. Escrevia muito. A actividade criativa “de raiva” era uma forma de compensar a angústia de se ver metido no meio de uma guerra sem sentido. Entre o muito que escreveu estavam poemas que só agora, quase 40 anos depois, foram resgatados da gaveta e tiveram apresentação pública.O livro “Poemas de Guerra” é uma edição de O MIRANTE e vai ser distribuído com as edições do nosso jornal e também do semanário Expresso desta semana na área de abrangência de O MIRANTE. Ao todo serão cerca de 30 mil exemplares na rua, um número inusual em termos de edição de poesia que leva o autor a dizer que depois das costumeiras cheias “vem aí uma inundação de poesia”.A apresentação de “Poemas de Guerra”, na tarde de segunda-feira no salão nobre da Câmara de Santarém, foi o pontapé de saída para um ciclo de espectáculos culturais que decorreram ao longo da semana com a vida e obra de José Niza como pano de fundo. Aliás, nessa tarde Paco Bandeira e Tonicha cantaram músicas do homenageado. O município escolheu este ano a figura do psiquiatra, político, compositor, músico, poeta, residente em Santarém há muitos anos, para homenagear durante as comemorações do 25 de Abril. Uma personalidade multifacetada que o presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD) classificou como “um interventor cívico” e “um construtor de sonhos” que “fez do afecto, do companheirismo e da fraternidade a mola da sua vida”. Perante uma sala repleta onde se contavam alguns dos camaradas de armas que com José Niza andaram na guerra colonial, Joaquim Emídio, director geral de O MIRANTE, revelou que a ideia de editar os poemas feitos em tempo de guerra já vinha germinando há um par de anos. “Pequenos percalços” levaram ao adiamento da publicação, que acabou por ter a vantagem de possibilitar uma distribuição maior da obra. “Não fiz mais do que a minha obrigação enquanto pessoa com responsabilidades culturais”, afirmou.Um dos pontos altos da sessão consistiu na declamação de vários poemas por José Manuel Mendes, poeta e presidente da Associação Portuguesa de Escritores, e também por Maria da Purificação. Mendes reforçou as palavras elogiosas dos antecessores dizendo que conhecia as qualidades e o talento de José Niza para múltiplas actividades, mas não imaginava que ali escondido havia um poeta. “Este livro é uma afirmação do poeta que urge continuar”, declarou.Perante o caudal de elogios, José Niza defendeu-se com ironia e humildade quanto baste. Disse que acha “um pouco exagerado” o conteúdo do prefácio assinado por Francisco Pinto Balsemão, bem como os encómios que lhe foram dirigidos nessa sessão: “Leva-me a pensar quem será o tipo de quem andam a falar”. Afirmou-se reconfortado com essas manifestações de apreço no ano em que completa 70 anos de vida e voltou ao humor com fundo histórico: “Cesário Verde só publicou um livro. E do meu vão fazer 30 mil exemplares que num livro de poesia deve ser inédito mesmo sendo distribuído com O MIRANTE e com o Expresso”.
Palavras “de raiva” escritas depois do clarim impor o silêncio

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