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A região das “moscas mortas”

Santarém é a cidade onde mais me indigna ouvir os políticos falar de turismo. Com os monumentos que há por aqui e com a História que muita gente ilustre ajudou a construir esta cidade é uma vergonha nacional. Se alguém estudasse o percurso dos turistas estrangeiros que visitam a capela do Santíssimo Milagre de certo que ficaríamos ainda mais envergonhados.Tomar e Vila Franca de Xira são outras duas cidades da nossa região que têm memória e História para atrair turistas como acontece na grande maioria das regiões desenvolvidas da Europa. Mas, no conjunto, só Tomar parece ter verdadeiramente uma politica de promoção do seu património de acordo com o estatuto dado pelo Convento de Cristo.O museu Martins Correia, na Golegã, a Casa dos Patudos, em Alpiarça, o museu do Neo-Realismo em Vila Franca, o museu Carlos Reis, em Torres Novas, o museu Agrícola de Riachos, os centros históricos de Abrantes, de Tomar e de Santarém, os castelos da região com destaque para o Almourol, as ganadarias, as coudelarias e as várias actividades ligadas as estas duas actividades são, para além de outras bem distintas da região ribatejana, verdadeiros santíssimos milagres que ninguém sabe aproveitar, em nome do prestígio e desenvolvimento económico da região ribatejana.Não temos políticos ou instituições à altura para defender e promover os nossos valores e a nossa riqueza cultural. E é bom não esquecer que o santuário de Nossa Senhora de Fátima fica a poucos quilómetros da nossa casa. Se nos lembrarmos que, para além do Santíssimo Milagre de Santarém, todos os caminhos vão dar à Cova da Iria, então ainda é mais grave a falta de organização que promova a região e traga de Lisboa os turistas que se perdem na serra de Sintra ou seguem directos de Fátima para o norte do país quando não é para o Algarve.Com alguma regularidade leio revistas estrangeiras ligadas ao turismo que sugerem férias em Portugal. Os percursos sugeridos não variam muito. O santuário de Fátima aparece em quase todas, ás vezes com a indicação de um saltinho a Tomar para os turistas não perderem a beleza do Convento. O resto é considerado paisagem. E de verdade não é. O Ribatejo tem uma oferta turística que noutras regiões de outros países é fonte de riqueza e desenvolvimento económico. Desde que Saramago foi prémio Nobel que repito até à exaustão, nos lugares do mundo por onde viajo, o nome da Azinhaga, da Golegã e da Chamusca, quando as pessoas querem saber mais informações sobre a terra e a região onde nasceu o autor de Levantado do Chão. A última vez ouvi comentar que estes nomes faziam lembrar lugares onde existem muitas moscas. A conversa acabou com um sorriso mas tenho que reconhecer que em matéria de promoção turística somos realmente uns “moscas mortas”. JAE

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