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Armando Rosa

57 anos, administrador da Ribatel, Santarém

Armando Rosa, 57 anos, engenheiro de profissão, foi militar, professor e funcionário público até meter mãos à obra e constituir uma empresa sua no sector das comunicações - a Ribatel, que tem sede em Santarém. Foi há 20 anos.

Não há situações confortáveis nas empresas. Há situações controladas. A Ribatel foi uma emanação de uma empresa de Almeirim. Um momento de inspiração. Não precisei de uma consultora. Fui quadro superior dos CTT. Tinha responsabilidade no projecto e instalação de redes exteriores. Durante seis anos. Percebi que havia oportunidades na área. Decidi arriscar. Há muitas empresas que nascem assim. São quadros mais ou menos inconformados que optam pelo risco em vez do conforto. Há pessoas felizes com a rotina, com a falta de estímulos. Há outras que têm ambição. Quando chegámos ao mercado não existiam telemóveis. Foi a partir de 1989. Começaram por ser fixos nos carros. Depois apareceram os móveis. Chamavam-lhes “transportáveis”. Nós chamávamos-lhe os “arrastáveis”. Pesavam cerca de seis quilos. Costumávamos dizer que custavam cem contos o quilo. Uma pequena fortuna. Era difícil comprar um telefone. Eram caros. Mas a necessidade já era muita. Sentia-se que poderia ser um factor de aumento de produtividade. Quando apareceram fomos praticamente os únicos na região a dinamizar esse negócio. A minha filha é uma emigrante em Espanha. É um dos novos licenciados que são chamados a trabalhar fora. Procuro ter tempo para a família, para os filmes, para os meus livros. Estou com a minha mulher todos os dias. Tenho uma grande necessidade de despender energias físicas. Faço trabalhos agrícolas num pequeno casal perto da terra onde nasci. Abraã. É onde passo o fim-de-semana. Levo sempre o computador e o telemóvel. Tenho uma pequena horta. Trato das árvores de fruto e dos animais. Quando estive na tropa fui atirador de cavalaria. No 25 de Abril estava a dar instrução. A revolução apanhou-me no destacamento. Quando Salgueiro Maia saiu na coluna os oficiais mais jovens ficaram na rectaguarda. Ficámos a fazer a guarda aos Pides. Foi um tempo agitado, mas inesquecível. Depois fui dar aulas de matemática no colégio Andaluz. Até 81. Era o percurso normal. A Ribatel está a fabricar o sicor gás, um sistema de monitorização remota das garrafas de gás. Acabam-se as “voltas” dos funcionários das empresas fornecedoras para verificar se as garrafas já estão vazias. A informação segue por sms. Estamos a contactar com Espanha e Brasil. Começámos há um mês. Com a equipa da casa. A base está feita. Vai servir para outro tipo de aplicações. Para ver se os ecopontos já estão cheios, por exemplo. Para as empresas sobreviverem é quase inevitável a adaptação às realidades e necessidades. Procurar soluções inovadores que tenham valor. Com preços acessíveis. Tivemos um projecto que consistia num terminal colocado no pescoço das vacas. Foi desenvolvido para a Estação Zootécnica Nacional. Era um projecto de investigação. Pretendia-se fazer uma análise da alimentação dos animais. Cada vaca tinha que ter acesso a apenas uma portinhola. Quando o animal se aproximava fazia abrir a sua porta.

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