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Horácio Pratas é pastor por vocação

Aos cinco ou seis anos iniciou-se na actividade pela mão do pai
Horácio Pratas, 53 anos, é pastor desde que se lembra de ser gente. Com dificuldades em se lembrar da idade exacta em que começou a guardar ovelhas, afirma que é pastor desde pequeno. “Foi com cinco ou seis anos que comecei a andar atrás delas”, diz referindo-se às ovelhas. Apesar de não ter estudado, “porque naquele tempo não havia como”, a vida de pastor sempre o atraiu mais, preferindo o gado aos livros. Nasceu no seio de uma família de pastores. Tem mais três pastores na família: o pai, com quem que aprendeu e iniciou o ofício, e dois irmãos mais novos que também se dedicam à arte do pastoreio. Para além destes, tem ainda mais dois irmãos que se são maiorais de gado, um de vacas mansas, outro de gado bravo. Dedicou quase toda a sua vida às ovelhas, estando apenas afastado durante cinco anos por ter contraído brucelose, que naquela época afectou muitas ovelhas e cabras da região. Debelada a doença, as ovelhas e o pastorejo falaram mais alto, retornando ao campo e demonstrando verdadeiramente a sua paixão. “Se não gostasse desta vida, não tinha voltado. Sou pastor por vocação, porque gosto. Aliás acho que já nem me sentia bem se tivesse que me afastar”. A vida de pastor é bastante cansativa. “Não é o trabalho que é duro, mas os horários. Não temos horários nesta profissão. Temos uma vida presa. No Verão é mais complicado, pois as noites são menores, e como não durmo a sesta, como alguns pastores, torna-se mais cansativo. No Inverno, como as noites são maiores, descanso mais”.Com cerca de 700 ovelhas a seu cargo, das quais é dono, pastoreia à moda antiga, andando com o rebanho pelas terras do concelho, contando com ajuda dos seus quatro cães. Com medo de que alguém lhe roube o rebanho, ou que algo aconteça com este, dorme muitas vezes com as suas ovelhas. “Durmo às vezes com elas no meio do campo, não vá alguém querer roubá-las, ou algum bicho atacá-las, ou então que elas se assustem e partam o parque onde dormem invadindo outras terras”. A sua mulher, habituada ao tipo de vida do marido, já não diz nada. “No início estranhava, mas agora não liga. Às vezes até me pergunta: ‘Então esta noite não vais lá ficar?’ E eu digo, não, hoje não!” conta sorrindo. Na sua área não conhece muitos pastores jovens. Teve uma vez “um aprendiz”, mas desistiu. Quando era pequeno gostava disto mas depois preferiu ir para a Holanda trabalhar”. O pastor afirma que os jovens pastores têm mais facilidades. “Hoje em dia, as grandes casas com ovelhas, tem cercas para as colocar, e por isso muitos pastores já não precisam de andar pela charneca. Põem as ovelhas nas cercas e lá ficam a pastar. Há muitas casas que já nem precisam de pastores”, refere.Horácio sente-se bem e feliz com a profissão que escolheu, transparecendo a vontade de continuar no pastoreio enquanto conseguir percorrer a charneca com o seu rebanho.

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