Centros de Apoio a imigrantes
De vez em quando aparece mais um centro de apoio a imigrantes. Acho muito bem. Tive familiares que emigraram para França nos anos sessenta e gostava que eles tivessem sido mais apoiados. Considero que quem vem trabalhar para Portugal merece ajuda para resolver os seus problemas. Mas nem sempre os centros de apoio têm capacidade para apoiar quem os procura. A começar pelos horários de função pública que a maioria tem. Ou seja, estão abertos quando as pessoas que poderiam precisar deles estão a trabalhar e fecham quando os imigrantes saem dos seus empregos. Por questões relacionadas com a minha vida profissional e pessoal, tenho acompanhado algumas situações vividas por imigrantes. Por muitos avanços que tenha havido em termos legislativos. Por muita preparação que tenham os funcionários do Serviço de Estrangeiro e Fronteiras, nem sempre é fácil a vida dos estrangeiros em Portugal. O Eduardo Prado Coelho, pouco tempo antes de falecer, contou no jornal Público as voltas e voltas que a sua empregada brasileira teve que dar para tratar da sua legalização. Eu acompanhei, entre outras situações, um pedido de reagrupamento familiar de uma família de Leste e sei do que ele falava.Os pais queriam trazer os filhos para junto de si. O processo foi demorado. Catorze documentos por pessoa. Não me lembro de todos. Segurança social, atestado de residência, matrícula da escola, certificado de registo criminal português, certificado de registo criminal do país de origem, tradução de documentos, eu sei lá. De cada vez que faltava um papel era necessária nova marcação para o entregar. Mais uma ou duas semanas de espera. Às vezes mais. E nem sempre havia garantia de estar tudo certo. A burocracia, como todos sabemos, descobre sempre que falta mais um qualquer papelinho. Já nem falo no dinheiro gasto. Uma pequena fortuna. No final, ao fim de quatro meses, lá vieram os cartões de residência dos miúdos. O momento de alegria transformado em desilusão. Tinham sido trocadas as fotografias. Mais marcações, mais deslocações, mais tempo perdido e dores de cabeça.Maria Luísa Castanheira
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