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Quartos para turistas na Nazaré deixam de ser negociados nos passeios das ruas

Quartos para turistas na Nazaré deixam de ser negociados nos passeios das ruas

No futuro, qualquer negócio deverá ser feito através de quiosques informativos
Uma das imagens de marca da Nazaré que tem os dias contados é a das mulheres nos passeios com tabuletas para arrendar quartos, estando previstas acções de formação e uma nova estratégia para qualificar a oferta turística. A partir de Setembro, quem arrenda quartos da Nazaré deverá frequentar um curso de formação gratuito com noções básicas de línguas (português, francês e inglês) e de relacionamento com os clientes. Além disso, no futuro, qualquer negócio deverá ser feito através de quiosques informativos, que tem uma base de dados de todo o alojamento particular local. A iniciativa é da Associação dos Proprietários e Inquilinos de Alojamento Particular da Nazaré (APIAPN) e visa mudar hábitos arreigados que levam as proprietárias das casas a passarem horas nas ruas, abordando os turistas para tentar fazer negócio. Um desses exemplos é Ana Palmira Estrelinha, 57 anos. Vende peixe na praça mas aproveita várias horas por dia para estar na marginal com uma pequena tabuleta onde se pode ler que arrenda dois quartos a turistas. “Isto anda difícil mas esta é uma boa ideia da câmara e da associação” porque permite concentrar num único local a gestão da oferta turística, salientou a peixeira, que se veste diariamente com as típicas sete saias. “Tudo o que acabar com os aproveitadores neste negócio é uma boa notícia”, sublinhou. Para o presidente da APIAPN, José Caneco Martins, esta é uma batalha que a associação e a autarquia querem ganhar até porque é decisiva para melhorar a imagem da vila. O responsável estima em cerca de dois mil o número de proprietários nazarenos que arrendam casas ou quartos a turistas, mas somente 800 estão legais e inscritos na associação. “Estamos numa terra turística: a pesca está de rastos e só nos podemos virar para o turismo”, afirmou, salientando que o tempo de vacas magras favorece este tipo de negócios. Com a crise, muitos são os portugueses que não têm dinheiro para ir para o Algarve e optam por ir para casas ou quartos arrendados. Por isso a autarquia alargou o número de quiosques informativos para seis, uma solução que tem agradado aos turistas que preferem negociar aí os arrendamentos já que “têm a certeza que as coisas estão legais”. No entanto, esta solução não agrada a quem arrenda à margem da lei, vendendo “gato por lebre” aos turistas e a preços muitas vezes exorbitantes, reconheceu José Caneco Martins.Quando o turista se aproxima do quiosque, a funcionária pergunta que tipo de alojamento é pretendido e chama depois uma das proprietárias para negociar a renda. “Não ganhamos nada com isso mas as coisas tornam-se mais transparentes” e os “turistas ficam a com a certeza da qualidade” do serviço prestado já que todas as habitações inscritas foram sujeitas a vistoria prévia, explica José Caneco Martins.O fim das tabuletas à beira da estradaLourena Maria, da Covilhã, é uma das muitas turistas que opta por este tipo de alojamento, até porque já é uma tradição da família passar férias na Nazaré. “É a primeira vez que estou a usar estes quiosques mas parece-me uma boa solução porque eles conhecem melhor as mulheres que arrendam as casas e dão-nos mais segurança”, justificou. Além disso, esta medida confere outra dignidade ao alojamento particular da Nazaré e o objectivo último é acabar com as “tabuletas de beira de estrada” que intimam os turistas a arrendar “quartos, chambres, rooms ou zimmers”. A associação tem estado também em contacto com os serviços de finanças para garantir que os proprietários que arrendam as casas onde vivem não paguem impostos sobre essas receitas. “Isto são mais complementos sociais das reformas baixas do que um negócio lucrativo”, explicou José Caneco MartinsMaria Ermelinda é uma das muitas mulheres que passa horas no passeio para tentar arrendar os dois quartos da sua habitação. “Isto está muito mau porque há muita concorrência e as pessoas não têm dinheiro para gastar”, explicou esta reformada, de 61 anos. A sua casa já foi sujeita a vistoria da associação e está inscrita nos quiosques de alojamento particular mas Maria Ermelinda espera que, a prazo, as regras para quem arrenda casa sejam iguais para todos. “Há gente que faz negócios para outros ou têm várias casas para turistas que dizem que é alojamento particular”, salientou. A lei neste aspecto é clara e os benefícios fiscais são apenas para quem arrenda a própria casa pelo que os restantes arrendamentos têm de ser classificados como alojamento turístico normal. “Estamos a tentar alargar o número de associados e regularizar esta situação porque as pessoas que furam as regras já estão identificadas e vão ser sujeitas a inspecções”, prometeu José Caneco Martins.
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