Moita Flores defende Vicente Batalha na polémica dos prémios Bernardo Santareno
Presidente do júri criticado por ter contemplado peça do grupo onde é encenador
O presidente da Câmara de Santarém saiu em defesa de Vicente Batalha, acusado de ter, enquanto membro do júri dos prémios de teatro Bernardo Santareno, contemplado o grupo de que é encenador com um prémio especial pela representação da peça “O Duelo”. Essa distinção motivou a reacção do presidente do Círculo Cultural Scalabitano e actor do Veto Teatro Oficina, Eliseu Raimundo. Numa carta aberta dirigida a Vicente Batalha, Eliseu Raimundo confessa que “a perplexidade foi grande” quando souberam que a peça “O Duelo” havia sido premiada por um júri a que preside o mesmo Vicente Batalha enquanto responsável pelo Instituto Bernardo Santareno. Na altura, Batalha não quis fazer qualquer comentário. Uma semana depois, o presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD) - que nomeou Batalha para presidente do Instituto Bernardo Santareno - responde numa breve carta dirigida a Eliseu Raimundo onde informa que Vicente Batalha não votou no grupo de teatro da Música Nova de Pernes. E acrescenta que inclusivamente até propôs que o prémio fosse entregue ao Veto Teatro Oficina pela sua peça “Bernardo Santareno… Nos Túneis da Liberdade”. O que foi recusado pelos restantes membros do júri. “Mais: o senhor Vicente Batalha recusou aceitar o prémio Bernardo Santareno por adivinhar questiúnculas sem proveito”, revela ainda Moita Flores.Carlos Oliveira, o popular “Chona” do Teatrinho de Santarém, também não considera que a ética tenha sido posta em causa, alegando que o objecto de prémio foi a produção do grupo de Pernes e não o encenador. “Vi os espectáculos do grupo de Pernes e do Veto e qualquer deles tem qualidade técnica e artística, o que significa que qualquer das produções, porque é disso que se trata, seria merecedora dessa distinção”, afirma a O MIRANTE.“A atitude do Veto é algo egoísta porque se esquece que há mais grupos que fazem trabalhos tão bons como os deles e que merecem ser aplaudidos e acarinhados”, acrescenta Carlos Oliveira, dizendo que se o Veto tivesse razão na sua argumentação, jamais o grupo de Pernes poderia ser premiados, devido à circunstância de ter Vicente Batalha como encenador.O actor e encenador Pedro Filipe Oliveira tem opinião semelhante. “O júri era composto por mais pessoas e se concluíssem que o grupo de Pernes não podia ser premiado isso não faria sentido”. O actor, que durante anos esteve ligado ao Grupo Dramático Bernardo Santareno, considera no entanto estranho que se instituam prémios ligados à obra de Santareno, tendo em conta que é um autor pouco encenado e que é muito complicado de fazer.“Batalha premeia Batalha”Recorde-se que na carta aberta divulgada na semana passada, Eliseu Raimundo afirmava nada ter contra o grupo de Pernes – “com o qual mantemos as melhores relações” -, acusando no entanto Vicente Batalha de ignorar o trabalho do seu grupo, designadamente a peça “Bernardo Santareno… Nos Túneis da Liberdade”, construída a partir de textos do autor que patrocina o prémio. Enunciando as várias actividades desenvolvidas ao longo do ano, Eliseu Raimundo questionava: “Neste concelho, em 2008, no campo teatral, alguém fez tanto como o Veto Teatro Oficina?”. E mais abaixo dava a resposta em tom mordaz: “Pois, em 2008, para o senhor presidente do Instituto Bernardo Santareno, o Veto Teatro Oficina foi transparente, invisível e, no entanto, tem cerca de meia centena de elementos, de todas as idades, mas não os viu, não os encontrou, não deu pelo grupo, tão concentrado estava no seu próprio trabalho e, por isso, o inevitável, de facto, aconteceu: Vicente Batalha premiou Vicente Batalha”.Os prémios Bernardo Santareno de teatro, promovidos pela Câmara de Santarém através do Instituto Bernardo Santareno, nasceram com o intuito de divulgar e prestigiar a obra do dramaturgo escalabitano e contribuir para a renovação e aparecimento de novos criadores no teatro português.“O Duelo” no Sá da Bandeira no fim-de-semanaA peça “O Duelo”, da autoria de Bernardo Santareno, vai subir ao palco do Teatro Sá da Bandeira, em Santarém, sábado e domingo pelas 21h30. A interpretação estará a cargo do Grupo Cénico da Música Nova de Pernes, com encenação de Vicente Batalha.
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