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Touro de Sangue é nome de poema

Touro de Sangue é nome de poema

“No princípio era o Sol” é a última obra da poetisa do Sobralinho Mel de Carvalho

A técnica superior de acção social, Maria Amélia de Carvalho Luís, residente no Sobralinho, no concelho de Vila Franca de Xira, é também Mel de Carvalho. Uma poetisa e escritora que se apaixonou pelos jogos das palavras depois de encontrar um livro do avô em português arcaico.

Diz que escreveu sempre e que os livros são a sua maior companhia. No Bilhete de Identidade traz o nome de Maria Amélia de Carvalho Luís, mas é com o nome literário Mel de Carvalho que assina os seus livros. Serão personalidades diferentes? “O Alçada Baptista dizia que o alter-ego revela-se muito mais na escrita do que em qualquer autobiografia. Acho que tinha toda a razão. Quando escrevemos revelamo-nos mais”, diz.Mel de Carvalho já trouxe a lume duas obras de poesia. A mais recente foi lançada em Outubro deste ano, no Salão Nobre do Sobralinho, pela Edium Editores e tem por título “No princípio era o Sol”. Trata-se de um conjunto de poemas com um enfoque especial para a temática do Amor. Este livro seguiu-se a “Sibilam Pedras na Encosta”, de 2007.Poesia, contos e prosa poética são os géneros que mais cultiva. “As artes tocam-me de perto, sou uma admiradora das artes em toda a sua expressão”, realça Mel de Carvalho, que nasceu no Sobralinho há 47 anos e onde ainda permanece. Diz que não é poeta e explica-se citando Florbela Espanca. “Ser poeta é ser maior”, recorda. “Para ser poeta falta-me fazer caminho”, avança. Mas Mel de Carvalho está determinada a fazê-lo. O bichinho pela escrita e pela leitura apareceu-lhe em criança e acompanhou-a vida fora. Lembra-se bem de como tudo começou. “ Foi em casa da minha mãe, quando encontrei um caixote de livros do espólio do meu avô, ainda em português arcaico. Era muito miúda, mas os livros da escola já não me satisfaziam”, recorda. “Encontrei um livro já sem capa, que tinha lá dentro um conto. Era a história d' O bondoso menino Henrique'”. Na escola era a aluna que entregava sempre uma montão de composições à professora: Joaquina Rosa Barradas Conchinha, a mulher determinante na sua vida. “ Foi com esta professora, uma mulher com uma visão muito avançada, que aprendi o que era uma biblioteca e foi com ela que visitei as primeiras aldeias S.O.S.”, menciona. Hoje, Maria Amélia de Carvalho além de escritora é mãe, esposa, socióloga, e técnica Superior de Acção Social. “Depois dos filhos criados é fácil conciliar”, explica. Neste momento, trabalha na Associação APATI, em Castanheira do Ribatejo. “Faço o levantamento das necessidades de formação do pessoal, indico as necessidades que possam vir a ser colmatadas e faço ainda acompanhamento e auditoria processual”, conta. Thomas Mann, Zola, Miguel Torga, Herberto Hélder, Alexandre O'Neill, José Régio e António Ramos Rosa são nomes de referência para Mel de Carvalho. Em adolescente leu todos os livros de Alves Redol. “Neste momento ando a ler para os meus idosos “Histórias Afluentes” de Alves Redol. Há toda uma linguagem e uma geografia que eles reconhecem e identificam”, conta. Mel Lisboa diz que os seus contos são influenciados pelo Neo-Realismo e a sua poesia pelo Surrealismo. Mas o Ribatejo também imprime as suas marcas. Os seus poemas são recheados pelas paisagens das lezírias, da terra dos toiros e campinos. “Touro de Sangue” serviu de título a um dos seus poemas surrealistas. “Gosto da tourada, mas não sou aficcionada. Vejo esta tradição como um valor a preservar. Sou mais aficionada pelo fandango, pelo folclore, pelo tango”, explica. Muito ligada a causas sociais, Mel de Carvalho decidiu que 10 por cento do valor de capa de “No princípio era o Sol” reverte para a Instituição de pessoas com deficiência AIPNE. “Tenho a noção de que isto é simbólico. Mas dá, pelo menos a conhecer a instituição. É uma forma de marketing social, uma maneira de apelar à dádiva e de exercer a cidadania”, afirma. Quem quiser descortinar um pouco mais da escrita de Mel de Carvalho pode faze-lo também acedendo aos blogs da escritora, nas seguintes moradas: http://noitedemel.blogspot.com (prosa) http://www.noitedemel.blogs.sapo.pt (poesia).
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