A pasteleira que não consegue passar um dia sem meter as mãos na massa
Desde criança que Paula Vaz sonhava com a profissão que adora
Dia em que não faça bolos não é um bom dia. Até quando está de folga Paula aproveita para fazer um bolo ou outro.
O sonho de Paula Vaz sempre foi ser pasteleira. Não sabe explicar porquê uma vez que não tem ninguém na família com a mesma profissão. Apenas se lembra, desde criança, dizer que queria fazer bolos. E com seis anos já colocava a sua vontade em prática. Ajudava a mãe na cozinha e tinha verdadeira adoração por revistas com receitas de bolos. Nas festas familiares, principalmente no Natal, Páscoa e datas de aniversários, os bolos ficavam por sua conta. “Mandava toda a gente embora da cozinha e fechava-me lá dentro a cozinhar. E até tinha jeito”, recorda, divertida.Aos 16 anos decidiu tirar os cursos profissionais que lhe permitiam construir uma carreira na área da pastelaria. Três anos depois de se iniciar na aventura da sua vida surgiu a oportunidade de ser chefe de uma pastelaria em Coruche. Natural de Lisboa, Paula não hesitou e foi atrás do seu sonho. Apesar das saudades da família serem muitas não se arrepende de ter trocado a capital pela província.Ficou em Coruche durante seis anos até que escolheu Almeirim para viver e trabalhar. Teve uma breve experiência numa pastelaria no Cartaxo onde enfeitava bolos mas foi na Panitejo, em Almeirim, que encontrou a sua estabilidade profissional. Há cerca de um ano e meio que integra a equipa de quatro pasteleiros profissionais da conhecida casa ribatejana.O seu dia-a-dia é bastante agitado. Desde que a filha Marta nasceu, há 20 meses, que passou a trabalhar de manhã. Às 08h30 já está a trabalhar. Confecciona os bolos de aniversário encomendados para esse dia e adianta o trabalho para os colegas do turno seguinte cozerem durante a noite.Os clientes preferem os bolos de aniversário feitos à base de pão-de-ló e doce de ovos. O pastel de nata e os pampilhos são os que têm mais saída diariamente. Paula Vaz confessa que é um trabalho cansativo mas muito aliciante, que lhe dá muito prazer. “Não me imagino a fazer outra coisa. Mas para se estar nesta profissão é preciso estar por vocação e não por acaso”, explica.Nesta época natalícia o bolo mais confeccionado é o bolo-rei. Desde o início da confecção até estar pronto a vender um bolo-rei demora, em média, quatro horas. Primeiro amassa-se muito bem, coloca-se a fruta e descansa. Minutos mais tarde dá-se mais uma volta e é tendido – enrola-se para dar a forma redonda e com o cotovelo faz-se o buraco no centro – vai a levedar, coloca-se mais fruta, vai ao forno. Depois de cozido pinta-se com geleia e está pronto a sair para a casa dos portugueses. “As pessoas não imaginam as voltas que o bolo-rei dá até estar pronto”, diz.O segredo dos bolos está na concentração mas sobretudo nas mãos. É fundamental que o pasteleiro esteja concentrado no que está a fazer senão o trabalho não sai bem feito. “Se a cabeça estiver longe não vale a pena trabalhar porque não vai sair bem”, refere, garantindo que nunca nenhum bolo lhe saiu mal. Paula Vaz diz ainda que pode dar a receita dos seus bolos a outra pessoa mas que o resultado nunca será igual. O segredo está nas mãos de quem o faz, brinca.Dia em que não faça bolos não é um bom dia. Até quando está de folga Paula aproveita para fazer um bolo ou outro. Umas vezes oferece às vizinhas, outras vezes são elas que pedem. “Faço-o com o maior gosto. É algo que gosto mesmo de fazer e sinto necessidade de o fazer”, conta. Se por algum acaso não tem disponibilidade para meter as mãos na massa, mesmo nos dias em que não trabalha, Paula tem que, pelo menos, ir a uma pastelaria comer um. “Sempre que vou a Lisboa visitar a minha família é obrigatório irmos a uma pastelaria. Adoro ver e saborear os bolos”, diz.Aos 31 anos, Paula Vaz sente-se realizada com aquilo que faz. Mas tem ainda mais sonhos que pretende realizar. Dar aulas de formação de pasteleiros e trabalhar num hotel são objectivos que gostava de alcançar. Para isso, já se inscreveu num curso de formação de formadores. Mas não tem pressa de chegar a esse patamar. A pasteleira gosta de fazer tudo com calma. Paula acredita que as oportunidades surgem sempre na altura certa. Até lá vai continuar a fazer aquilo que mais gosta: confeccionar bolos para adoçar a boca dos clientes.
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