Quando o actual Presidente da Câmara do Entroncamento – Jaime Ramos (PSD) – foi eleito para o seu primeiro mandato, uma das coisas que fez foi criar uma imagem e um slogan para a cidade. Se não me engano era “Cidade em Movimento” e o logótipo criava através de uma série de riscos uma ideia de movimento. Na altura o assunto foi comentado porque a designação não oficial da cidade, utilizada no dia-a-dia, era cidade ferroviária ou cidade dos comboios. Agora, a chegar ao fim do segundo mandato, o presidente decide mudar novamente a imagem do Entroncamento adoptando “Cidade Ferroviária” e usando como logótipo uma máquina a vapor.Talvez o tenha feito porque finalmente o museu ferroviário começa a ser visível mas não deixa de ser curioso que o faz numa altura em que se acentua o desinteresse das empresas ferroviárias pelo Entroncamento. Segundo sei as oficinas que ainda restam vão ser transferidas para a Amadora. A estação de caminho-de-ferro é uma das mais obsoletas do país – uma autêntica relíquia que se degrada de dia para dia. Os comboios que aqui param cada vez são menos e as pessoas da região que trabalham em Lisboa são forçadas a deslocar-se para a periferia da capital porque para além de poucos comboios o passe social não chega ao Entroncamento.Se a vontade do presidente da câmara é manter a ligação da cidade ao caminho-de-ferro tem um grande desafio pela frente. Ainda hoje, domingo dia 14, viajei entre Lisboa e Entroncamento numa sucata a gasóleo daquelas que eu pensava já não existirem. Uma caranguejola sem qualquer conforto a gasóleo. O investimento dos últimos anos tem ido todo para comboios rápidos que vão deixando de parar no Entroncamento e para estações e linhas da periferia de Lisboa. Perante isto faz todo o sentido perguntar: Entroncamento cidade ferroviária ou do museu ferroviário?António Luís Seixas Marques