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José Alberto Oliveira

66 anos, agente funerário, Samora Correia

“Encaro a morte com toda a naturalidade. Temos que ter medo é de alguns vivos. Os mortos não nos fazem mal nenhum. A morte é uma coisa natural que todos temos certa.”

Tem esperança num ano novo melhor?Eu sou um homem sempre optimista, de luta, de trabalho e com muita fé. Acredito num ano melhor para o país e para o mundo. Mas todos teremos de fazer mais para que isso seja possível.Viveu muitos anos na Venezuela. Quando regressou encontrou um Portugal mais desenvolvido?Não tem comparação. O nosso país evoluiu muito e está ao nível dos melhores em várias áreas. Só nos faltam governantes que saibam gerir melhor e apoiem as pequenas e médias empresas e não apenas os bancos e os grandes capitalistas.José Sócrates merece uma segunda maioria absoluta?Não merece. O Primeiro-ministro e o governo não estão a fazer um bom trabalho. Colocaram Portugal numa situação muito complicada e sacrificam muito quem trabalha e os pequenos e médios empresários.O seu negócio é feito com a morte. Não se choca?Encaro a morte com toda a naturalidade. Temos que ter medo é de alguns vivos. Os mortos não nos fazem mal nenhum. A morte é uma coisa natural que todos temos certa.Não hesitou antes de entrar nesta actividade?Perdi dois familiares antes de entrar neste negócio e acabei por ficar com a agência que era de uma família vizinha. É um negócio como qualquer outro. Procuro que a minha agência tenha um aspecto descontraído, colorido e sem aquele ar fúnebre e pesado que há noutras agências. Também sente a crise?É claro que sinto. As pessoas estão com dificuldades e têm de cortar em tudo até na morte. Muitos, procuram ir para o mais barato. Há famílias que fazem questão de fazer um funeral com mais qualidade e pagam um pouco mais. Temos funerais de vários preços. Sente orgulho de ser português?Primeiro, sinto muito orgulho de ser samoreno. Adoro esta terra onde nasci e serei sempre samoreno. Depois sou português com orgulho porque gosto do meu país. O que faz mais falta em Samora Correia?Precisamos de ter serviços como as conservatórias, notários, tribunal e finanças. Não é bom termos de nos deslocar sempre que temos que tratar de qualquer coisa.A manutenção das urgências em Benavente foi uma vitória da população?Foi uma vitória do nosso presidente da câmara, António Ganhão, que lutou até ao fim para garantir que as famílias do concelho tenham um serviço de assistência médica durante 24 horas por dia.É católico praticante. Sente que a Igreja tem um papel importante?A Igreja foi o meu amparo nos momentos difíceis que passei com a perda da minha esposa e de um filho. Deu-me um conforto e um carinho muito importantes.Porque é que não vai mais gente à Igreja?A Igreja fechou-se muito e não tem cativado novos cristãos. As pessoas têm fé, acreditam, mas não participam nas actividades religiosas.

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