Descobriu de forma natural que era na arte da pintura que queria trabalhar e defende que “a vocação para a pintura é uma questão de trabalho”. Natural de Tomar, onde nasceu a 26 de Dezembro de 1981, Jorge Lopes é licenciado em Artes Plásticas e Pintura pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha e mora actualmente em Neukölln, Berlim, cidade onde vive desde Junho de 2006. Foram as razões do coração que o levaram até à Alemanha, uma vez que a namorada se encontrava ali a viver. A licenciatura e uma estadia de um ano na residência artística “Künstlerhaus” em Dortmund, na Alemanha, foram os outros dois acontecimentos determinantes para traçar o destino do tomarense de 27 anos, que expõe individualmente e em grupo desde 2004. “Já no ensino secundário estudei artes e fiz o curso Tecnológico de Design no antigo colégio D. Nuno Álvares Pereira por ser um dos únicos cursos que não tinha matemática obrigatória em Tomar”, recorda a O MIRANTE. Quando chegou a altura da candidatura ao Ensino Superior preencheu opções como Design, Artes Plásticas, Restauro e Design de Comunicação mas acabou por entrar em Artes Plásticas. Foi nesse momento que começou a tomar decisões “mais a sério” a nível de uma futura carreira no mundo das artes, porque para Jorge Lopes “a vocação não existe”. Descreve as suas obras como sendo uma pintura que se desenvolveu de forma biográfica. “Aquilo que eu faço é pintura e é reflexo daquilo que vou vivendo”, reforça, exemplificando a pintura que fez a partir de um desenho que escolheu do seu bloco porque ainda tinha em mente a imagem clara do que tinha esboçado. “É um homem num salão de chá, de cabelo e bigode grisalho com umas sobrancelhas enormes... A da direita enrola para baixo e a da esquerda enrola para cima”, ilustra. Apesar de jovem, conta no currículo várias participações em mostras artísticas. Só no ano de 2008 participou na iniciativa “Outra casa no castelo” em Torres Vedras, no “Junho das Artes”, em Óbidos, e em duas colectivas em Berlim e também em dois festivais em Neukölln: “48-Stunden Neukölln” e “NachtundNebel08” onde abriu o atelier ao público. Para além destas participações, refere que tem no seu website (www.jorge-lopes.com) um atelier de pintura aberto ao mundo. A vida em Berlim é totalmente diferente daquela que deixou em Portugal. Aponta que, à medida que se vai conhecendo melhor, que tem dois tipos de dia-a-dia. “Há fases como entre Janeiro e Junho do ano que passou, onde trabalhei como se tivesse emprego fixo. Ia para o atelier às sete da manhã e ficava até às duas ou três da tarde a pintar, a desenhar ou a olhar para o que fiz”, explica. O resto do dia livre era reservado para o encontro com amigos ou para ver exposições, actividade à qual dedica muito do seu tempo no segundo semestre do ano. “No início do Verão descobri uma biblioteca incrível, cheia de bons livros de pintura que posso trazer para casa. Nesta altura ainda ando a ler mais do que ando a pintar. O que faço sempre são desenhos no meu bloco”, conta. Apesar das saudades de casa, Jorge Lopes vai continuar a trilhar o seu caminho artístico por Berlim. “Em Tomar é mais fácil conhecer todas as ruas e é mais fácil encontrar gente conhecida no supermercado… Mas para mim, neste momento, a maior diferença é que Berlim tem 600 galerias de arte e uma quantidade de coisas a acontecer nos museus municipais. Nao há inércia”, reflecte.