Presidente da Junta do Forte da Casa avisou o PS que está disponível para outros desafios
António José Inácio diz que se este for o último mandato sai satisfeito com o trabalho feito
Quando se candidatou pela primeira vez e roubou a junta ao PSD, a sua vitória foi uma surpresa, principalmente para o seu partido, o PS. Agora é pressionado para se recandidatar, embora há um ano tenha confessado à presidente da Câmara de Vila Franca de Xira que não tinha vontade de fazer mais nenhum mandato. António José Inácio diz que nos 16 anos que leva de gestão transformou o “dormitório” Forte da Casa, numa vila onde dá gosto viver. Este ano são inauguradas as piscinas.
Na Assembleia de Freguesia de 20 de Dezembro, na altura da discussão do Orçamento para este ano disse, a determinado momento, que no próximo mandato já não estaria na Junta de Freguesia, o que foi interpretado como o anúncio da sua não recandidatura.O que eu disse foi que quem viesse após as eleições autárquicas deste ano, teria que fazer uma rectificação orçamental uma vez que, ao contrário do que é habitual em ano de eleições, estávamos a aprovar um orçamento menor que o do ano passado – menos 17 mil euros. Quem se quer recandidatar e acredita numa vitória não diz, “quem vier a seguir”.Quem vem a seguir podemos ser nós ou outros. Depende de quem se candidatar e de quem ganhar as eleições. O senhor, numa entrevista a O MIRANTE em 2005 confessou não ser adepto da eternização das pessoas nos cargos políticos. Mudou de ideais? Afinal já está há 16 anos à frente da Junta de Freguesia do Forte da Casa.Eu estou de acordo com a limitação de mandatos e só lamento que a lei não abranja também os deputados. Nesta altura eu ainda posso recandidatar-me. Ainda não esclareceu se se recandidata.Quando me candidatei à concelhia do PS tinha dito que se ganhasse – o que não aconteceu apesar de ter tido um bom resultado, principalmente no sul do concelho - não me recandidataria à junta, para ter mais tempo para o partido. E efectivamente há cerca de um ano também disse à senhora presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, que não era minha intenção recandidatar-me.Reconsiderou?Estou a ponderar. Mas manifestei já disponibilidade para outros desafios, se o PS assim o entender.Para integrar a lista de candidatos a deputados nas eleições legislativas?Estou disponível para servir o Partido Socialista onde milito desde 1974. Há sempre vontade de um partido que tem um autarca vencedor querer que ele se recandidate.Mas aí também depende de o autarca vencedor querer ou não. Mas tudo vai ser discutido no âmbito da comissão política.Se não se recandidatar sai satisfeito com o seu trabalho?Sinto-me extremamente satisfeito. Quando cheguei ao Forte da Casa não existia rigorosamente nada. Nem uma simples caixa multibanco. Se sair agora deixo todos os equipamentos feitos, inclusivamente as piscinas, que serão inauguradas este ano. Se está tudo feito…É uma forma de falar. Há sempre mais para fazer. Faz-nos muita falta um auditório, por exemplo. Está previsto ser feito no âmbito da ampliação do edifício da Junta de Freguesia. Para fazer colóquios, formação…Oferta de um carro à PSP para melhorar patrulhamentoO presidente da Junta de Freguesia do Forte da Casa diz-se satisfeito com o policiamento de proximidade desenvolvido pela PSP e quer continuar a colaborar com aquela força policial para que ainda possam, ser introduzidas melhorias. Começou por fornecer telemóveis para os agentes. Agora vai oferecer uma viatura e disponibilizar um gabinete nas instalações da autarquia equipado com meios informáticos para que ali possa ser desenvolvido trabalho de atendimento, nomeadamente nos casos de violência doméstica. “Temos um protocolo praticamente pronto. Vamos oferecer um carro para melhorar o patrulhamento. E pagar o gasóleo. O assunto está a ser analisado pelas chefias da PSP. A responsabilidade na área da segurança é da administração central, mas esta colaboração com a PSP e antes com a GNR sempre foi total da minha parte. É quase inédito a nível nacional que uma junta de freguesia ofereça uma viatura à PSP”, explica António José Inácio.Colaboração entre autarquias só é boa em teoriaPor vezes o facto de todas as autarquias quererem ter tudo leva a que haja casos de subaproveitamento. É o caso dos pavilhões da Escola Secundária e da Escola EB 2,3. Deviam ser mais utilizados. Aquilo tem que estar aberto à comunidade. As escolas deviam fazer protocolos com a junta e com a câmara. A partir das 19h00 os Pavilhões ficam fechados e há associações que os poderiam utilizar para dinamizar actividades. Nós sabemos que as escolas têm gastos com limpeza, água, luz…mas podíamos entender-nos. Diminuíam os custos para as escolas e haveria mais jovens ocupados em actividades. E o pavilhão municipal? Aí o problema é outro. São as taxas pagas pelas colectividades que se reflectem depois nas mensalidades que os pais pagam para ter os filhos em determinadas modalidades. Nesta altura há pais que deixam de ter as crianças no karaté, na ginástica, ou noutras actividades porque não podem pagar. Vou propor a redução das taxas. As autarquias têm que fazer um esforço para dar condições às colectividades. Nós não vamos fazer aquilo que elas fazem por isso elas são essenciais.E o entendimento entre autarquias para rentabilização de equipamentos?É excelente, mas apenas na teoria. Quando se tenta passar à prática falha. Tem havido um esforço de um grupo de autarcas, mais a sul do concelho, para rentabilizar equipamentos. Máquinas varredoras; de corte da relva; carros…mas dá-se uma coisa estranha. Não conseguimos passar à prática. Estou à vontade para falar nisto. Eu sou um dos autarcas que, para os colegas, está sempre disponível. A população tem vindo a aumentar ou estabilizou?Há 16 anos, quando concorri pela primeira vez, havia 7.594 eleitores. Agora são 9. 153. Isto corresponderá a cerca de 13.600 habitantes. Na altura o Forte da Casa era considerado um dormitório. Os moradores tinham que sair daqui mesmo que fosse apenas para levar as crianças a um jardim.E agora temos dois. Nesta altura a freguesia, a esse nível, é uma das melhores. Nós temos a melhor qualidade de vida. A câmara tem investido também aqui bastante. As zonas verdes e as zonas de lazer dão alguma estabilidade e bem-estar à população. Nem tudo são rosas. O viaduto entre o Forte da Casa e a Póvoa vai acabar por ser demolido após anos de polémica.Eu creio que não havia necessidade de demolir o viaduto. Houve ali um grande investimento e era possível pô-lo operacional com algumas alterações. Era muito importante para a ligação à cidade da Póvoa de Santa Iria. Espero que, noutro momento, a câmara municipal encontre outra solução. Eu sou defensor de uma ligação do Forte da Casa e à da Póvoa de Santa Iria e acredito que isto acabará forçosamente por acontecer. Mesmo a nível administrativo? A nível de fusão das duas freguesias?Eu defendo esta ideia de aproximação há muito tempo. Não é de agora. Vinte anos após ter sido lançada a ideia de um nó de acesso à A1 na zona de Caniços, não há novas nem mandadas. Para o sul do concelho é cada vez mais importante e aliviava o nó de Alverca. Como a estradas de Portugal não quer, é uma questão que só o Governo pode decidir. E o apeadeiro dos caminhos-de-ferro? Temos um documento da Refer (Rede Ferroviária) em nosso poder, onde nos é garantido que estão a analisar o assunto e que é possível que ele venha a ser criado. Estou convencido que um apeadeiro ferroviário aproximaria mais a população da zona ribeirinha e ajudaria a requalificar a zona ribeirinha.O que gostaria de ver na zona ribeirinha?Tudo menos aquilo que lá está. Não é possível manter tantos hectares assim. Tem que haver, da parte da CCDR-LVT (Comissão de Coordenação Regional de Lisboa e Vale do Tejo) e da Administração Central alguns ajustamentos em relação a esta questão, se não aquilo vai ser um grande problema para a freguesia do Forte da Casa e para o concelho de Vila Franca de Xira. Propôs a desafectação de uma zona a norte da freguesia para a instalação de empresas. Não propôs nada relativamente à zona ribeirinha?Neste momento não, mas é importante que não fique assim nos próximos dez anos de vigência do PDM. Tem que haver algum equilíbrio. Podem lá ser feitas algumas coisas sem prejuízo da preservação da zona ribeirinha. As autarquias e particulares estão interessados em que isso aconteça. Os responsáveis da CCDR têm que descer à terra. Por vezes nestas matérias há algum radicalismo.Como é que a população está a encarar o encerramento do atendimento permanente no Centro de Saúde? O problema maior é o das pessoas idosas e carenciadas. Fizemos um protocolo com a Ribataxis, que é uma grande cooperativa no concelho de Vila Franca de Xira que agora tem a sede na nossa freguesia, em instalações cedidas pela Junta e pagamos o transporte às pessoas com mais idade que têm mais dificuldade para ir ao Centro de Saúde ou ao Hospital. São pessoas referenciadas por nós. Não resolveu o problema mas foi uma grande ajuda para muita gente.
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