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Deixou de trabalhar com vacas para cuidar dos cães e inspeccionar alimentos

Deixou de trabalhar com vacas para cuidar dos cães e inspeccionar alimentos

Nuno Figueiredo é veterinário municipal do concelho de Coruche

Da história como veterinário municipal tem alguns episódios caricatos, como o dos cinco toiros bravos que fugiram para o campo durante as Festas de Coruche e andaram à solta durante oito dias.

Nuno Figueiredo é veterinário municipal de Coruche há quase dez anos. Tem como missão assegurar o bom funcionamento do canil municipal, criado nas instalações camarárias da Zona Industrial do Monte da Barca e é, simultaneamente, a autoridade sanitária do município para a área alimentar. É a Nuno Figueiredo que cabe a inspecção sanitária em mercados, talhos, peixarias e outros estabelecimentos comerciais. É um trabalho realizado de forma semanal no mercado municipal e de duas em duas ou de três em três semanas nas restantes lojas e a vistoriar viaturas de transporte de alimentos. Pode ainda actuar mediante formalização de denúncia. De fora ficam as grandes superfícies comerciais. Nuno Figueiredo tirou o curso na Escola Superior de Medicina Veterinária, em Lisboa, e de imediato começou a trabalhar no apoio a explorações de vacas leiteiras. Primeiro em Trás-os-Montes, mais tarde desceu até Santarém para trabalhar na unidade da Ribacal durante três anos, na área clínica e de reprodução de vacas. A experiência profissional seguinte foi na já extinta Cooperativa Agrícola do Vale do Sorraia (COOPSOR), em Coruche. A anterior mulher, médica de profissão, foi colocada no Couço, e juntou-se o útil ao agradável, com a vida assente na vila do Sorraia. Durante dois anos prestou serviços de apoio a produtores de leite. A vida de Nuno Figueiredo deu mais uma volta e foi profissional liberal durante dez anos ainda no sector das vacas leiteiras em Coruche e Alentejo. Finalmente, foi aberto concurso para admissão de veterinário municipal em 1999 e o candidato concorreu e foi o escolhido.“Confesso que esse passo foi uma libertação. Na actividade anterior não tinha tempo para nada. As vacas dão leite todos os dias e também era preciso ver o seu estado de saúde em permanência. Como veterinário municipal tenho mais tempo, especialmente aos fins-de-semana, e vida própria”, confessa. É no contacto com o comércio que Nuno Figueiredo se apercebe que o desafio da qualidade já foi alcançado, excepto alguns pequenos pormenores. Noto mais nos comerciantes a de falta a capacidade financeira de acompanhar as grandes superfícies nos investimentos necessários, analisa.No que respeita ao canil, compete a Nuno Figueiredo fazer a gestão dos animais que chegam, verificar o seu estado de saúde e determinar se ficam no canil para futura adopção ou se, por motivos de saúde, os animais têm de ser “adormecidos”. Em 2008 foram recolhidos 183 cães. Foram adoptados 121 e abatidos 100, tendo permanecido no canil uma média de 40 a 50 canídeos. O abate, com recurso a injecção letal com sobredosagem de anestésicos, é efectuado para os animais com doenças potencialmente transmissíveis ao homem e para os cães agressivos ou de raça perigosa, após um período de oito dias em quarentena. Há casos em que os donos repensam o assunto e os vão buscar antes do dia final.O concelho de Coruche tem muitos caçadores que se costumam desfazer dos cães que não servem para a caça, especialmente entre Outubro e Dezembro. Outros casos de entregas de cães têm a ver com maus-tratos, como cães que desde escassos meses são presos a correntes e que em adultos se revoltam contra os donos. São ainda recolhidos cães errantes e outros mais perigosos, estes com recurso a tranquilizantes. O veterinário é ainda responsável pela campanha de vacinação ininterrupta durante três meses, de Abril a Junho/Julho. É a Associação dos Amigos dos Animais de Coruche que faz a gestão diária do canil, que conta com cerca de 50 animais, divididos por boxes consoante o seu tamanho e sexo. São também separados se há cadelas prenhes e cães de raça perigosa. A associação faz a captura dos cães, a manutenção do canil mediante subsídio anual camarário e as doações de particulares. A autarquia cede ainda um funcionário e a alimentação dos cães.Nuno Figueiredo refere que, apesar de ter poucos anos de funcionamento, o canil deverá entrar brevemente em obras. Irá dispor de um escritório de apoio, arrumos para rações, e contar com mais uma grade de contenção, o aumento do número de boxes e a cimentação de área envolvente interior do canil. Grande parte do tempo de Nuno Figueiredo é passado em acções na área da inspecção e segurança alimentar no exterior. O veterinário costuma estar no canil às segundas e quintas-feiras entre as 09h30 e as 12h30.Da história como veterinário municipal ressaltam-lhe alguns episódios. Como aquele ocorrido há cerca de cinco anos, quando cinco toiros bravos fugiram para o campo durante as Festas de Coruche e andaram à solta durante oito dias. “Andaram fugidos e nós atrás deles, de carro, sem nos conseguirmos aproximar no meio de milho com três metros de altura e quando era também a campanha do tomate. Consultámos os serviços respectivos e tivemos autorização para os abater. O atirador, munido de carabina, disparou a uns 50 metros de distância. Nessa altura até houve uma situação de um pastor que desmaiou quando viu um toiro passar-lhe à frente”, recorda com um sorriso.
Deixou de trabalhar com vacas para cuidar dos cães e inspeccionar alimentos

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