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Política de metro e meio

Paulo Fonseca, o governador civil do distrito de Santarém, é um empresário de sucesso na área da construção civil onde é patrão de meia dúzia de empresas. Vai candidatar-se, como é público, à presidência da Câmara de Ourém. Nada de novo. Paulo Fonseca já foi candidato (derrotado) duas vezes. O PSD local, que domina a autarquia, tem vivido nos últimos anos algum tumulto. Tudo indica que Paulo Fonseca pode tirar proveito desses desentendimentos e aproveitar a sua visibilidade pública e o seu trabalho político para somar uma primeira vitória na sua terra.Foi Paulo Fonseca e o seu administrador em algumas empresas, o agora deputado Fernando Pratas, que cozinharam a candidatura de Joaquim Garrido à Câmara da Chamusca pelo PS. Pratas também já foi candidato derrotado na Chamusca por duas vezes. A solução encontrada com a candidatura de Joaquim Garrido, que gerou o afastamento do candidato natural, que seria o ex-vereador, Joaquim Condeço, parece ter sido uma boa estratégia para Fernando Pratas regressar numa próxima quando já não tiver que enfrentar Sérgio Carrinho que vai fazer o seu último mandato se ganhar as eleições. Até lá, Joaquim Garrido pode muito bem ser o bombeiro de serviço enquanto vai explicando aos eleitores porque é tão amigo de Sérgio Carrinho e não tem nada a acrescentar à política da CDU para o concelho. Neste meio tempo o PS parece que nunca existiu no concelho da Chamusca e Fernando Pratas, o administrador das empresas de Paulo Fonseca, pode ir fazendo contas de cabeça.A forma como tudo isto foi planeado e está a ser levado à prática é uma pequena vergonha. Pequena porque os homens que estão por detrás destas jogadas pouco sérias também são pequenas figuras da política. E, assim, certamente, nunca passarão do metro e meio. Claro que patrão e administrador não estão sozinhos nesta decisão. O PS local está solidário e Joaquim Rosa do Céu, o gestor de luxo da Entidade Regional de Turismo, agora tem mais tempo para fazer política partidária e, fazendo parte da restrita comissão autárquica, terá também a sua quota parte nesta decisão que, em nossa opinião, retira credibilidade ao PS e mostra como a política é cada vez mais um jogo de interesses inconfessáveis.Já escrevi aqui que Paulo Fonseca, o líder distrital do PS, tem ganho crédito político para liderar e devolver credibilidade ao Partido Socialista que se tornou num “saco de gatos” onde os mais assanhados são os militantes de Santarém, Tomar e Entroncamento por razões que todos conhecemos.Não acredito, como dizem por aí, que a vida assoberbada de Paulo Fonseca como empresário lhe roube a inteligência e o indispensável bom senso para continuar a mudar o rumo da história do PS que, também a nível local e regional, tem compromissos importantes com os cidadãos. A forma como o partido se está a preparar para estas eleições autárquicas não augura nada de bom. Mas esta é apenas a opinião de alguém que aprendeu a ver a política como uma disciplina da cultura e que acredita cada vez mais na sociedade civil e nos cidadãos descomprometidos com os partidos para que a nossa democracia se regenere. JAE

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