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Milagre de Ourém era o “mais fácil de provar”

Milagre de Ourém era o “mais fácil de provar”

Guilhermina de Jesus feriu-se numa vista quando fritava peixe num restaurante medieval do Castelo de Ourém. Cerca de dois meses depois terá ficado curada instantaneamente após apelar a D. Nuno Álvares Pereira e beijar uma imagem do santo. O Vaticano validou o milagre.

A Postulação para a Causa de Canonização do Beato Nuno tinha mais seis alegadas curas clínicas para apresentar no Vaticano para sustentar o processo, mas optou pela recuperação "milagrosa" de uma córnea de uma mulher residente em Ourém, porque “era mais fácil de provar”.“As pessoas falam muito, mas o inexplicável e a intervenção de Deus no mundo é mais frequente do que se pensa”, disse o vice-postulador para a Causa de Canonização do Beato Nuno de Santa Maria, Frei Francisco Rodrigues. As outras “curas especiais” dizem respeito a remissões de diabetes e cancro, processos que “são mais complexos” e “mais difíceis de provar” pelos médicos que se devem a "milagre".Assim, a Postulação optou pela cura da córnea de um olho da mulher que se feriu quando fritava peixe num restaurante medieval existente à data dentro do recinto muralhado do Castelo de Ourém. Os ferimentos foram confirmados por médicos do Centro de Saúde local e do Hospital de Leiria, explicou Francisco Rodrigues. “Estamos a falar de uma ferida com óleo que deveria demorar um ano a sarar e com medicamentos mais agressivos”, obrigando mesmo a uma intervenção cirúrgica, mas terão bastado apenas três meses.Tal como O MIRANTE já havia contado na edição de 2 de Abril passado, o caso passou-se em 29 de Setembro de 2000. Guilhermina de Jesus, hoje com 64 anos, fritava peixe quando óleo a ferver saltou da frigideira e atingiu-a numa vista, roubando-lhe a visão. Na noite de 7 para 8 de Dezembro de 2000 - após o fim da segunda novena onde familiares e amigos suplicaram a cura - Guilhermina foi para casa. No quarto, antes de se deitar, teve um impulso e evocou D. Nuno com uma oração mental. Depois beijou uma imagem do beato. E de repente passou a ver. Perplexa, ligou a televisão para ensaiar a vista e certificar-se de que aquilo estava realmente a acontecer.Esta é a história oficial que nos foi contada pelo seu filho Carlos Evaristo e que o Vaticano validou, permitindo finalmente concluir o processo de canonização, por via de milagre, de Nuno Álvares Pereira, que culminou domingo em Roma. Foi o filho, na manhã seguinte, o primeiro a testemunhar o suposto milagre. A vista, habitualmente vermelha e lacrimejante, voltara ao normal. Os médicos não encontraram explicação científica. Os teólogos atestaram o milagre. “O meu santo curou-me”, disse para o filho, um estudioso e devoto dos milagres de Fátima.Guilhermina de Jesus, nome incompleto de uma cozinheira aposentada que terá nascido em Vila Franca de Xira e esteve emigrada no Canadá durante muitos anos, passou a protagonista da história contra vontade própria. “Ela não queria ser catapultada para este foco de luz. Por isso não quer falar sobre o assunto. Está muito grata a Deus e ao Beato Nuno”, disse o filho, director da Fundação Histórico-Cultural Oureana, que na altura explorava o restaurante medieval entretanto encerrado.No passado, o processo de canonização já esteve para ser concluído por diversas ocasiões e há relatos de vários alegados milagres imputados ao Condestável português que liderou a luta contra os castelhanos em 1383-85 e depois se fez monge, doando todos os seus bens aos pobres. O cronista carmelita José Pereira Sant’Anna “tem para aí 60 páginas de milagres realizados, com curas de toda a espécie".Papa elogia generosidade do Condestável O Papa Bento XVI elogiou domingo na saudação final da eucaristia a generosidade do agora São Nuno, o Condestável, considerando-o exemplo de “igualdade fraterna” para a sociedade actual. Depois de na homília Bento XVI ter destacado somente as virtudes militares do Condestável Nuno Alvares Pereira, as palavras proferidas em português no “angelus” foram apenas dedicadas à sua “paixão e despojamento” porque “deu os seus bens aos mais desfavorecidos”.Numa “saudação à delegação portuguesa”, que foi muito saudada pelos cerca de 2 mil peregrinos portugueses na praça de S.Pedro, Bento XVI recordou que o novo santo, que era nobre, preferiu no fim da sua vida dar grandes ofertas aos pobres, tratando-os a todos como “membros da única família humana”. A sua história de vida é “um apelo” aos cidadãos de hoje, acrescentou Bento XVI.Ao longo da celebração, foram desfraldadas por diversas vezes várias bandeiras portuguesas e do Corpo Nacional de Escutas (de quem o Condestável é patrono) e faixas alusivas à canonização. Cada vez que Bento XVI se dirigia aos peregrinos em Português, esses grupos, vindos de locais tão diversos como Cernache do Bonjardim, Alcochete, Porto ou Lisboa, irrompiam em aplausos.
Milagre de Ourém era o “mais fácil de provar”

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