uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
A vender tintas depois de uma vida ligado à contabilidade

A vender tintas depois de uma vida ligado à contabilidade

Jorge Peralta é empregado comercial numa loja de tintas em Santarém

Logo de manhã começa por fazer a caixa do dia anterior e ligar as máquinas e sistemas de tintas. Verifica se há correspondência e atende os clientes que vão chegando. Verifica ainda se há encomendas para preparar.

Desde há dois anos que a vida de Jorge Peralta levou uma volta. Esteve durante três anos como responsável administrativo de contabilidade e de gestão de clientes de uma loja de tintas em Santarém mas com a mudança da administração e nome do estabelecimento foi-lhe proposto lidar com a parte comercial de vendas e atendimento ao público. Anteriormente trabalhou 16 anos numa firma de contabilidade na cidade.O desafio foi aceite por Jorge Peralta. E apesar de confessar que de início não foi fácil saber os segredos das tintas, reconhece que hoje se sente mais à vontade para atender o cliente e encaminhá-lo para a solução que pretende.Na loja vende-se um pouco de tudo. Tintas plásticas para interiores e exteriores, esmaltes acrílicos mais direccionados para as pinturas de interiores de casas de banho e cozinhas, e tintas para a indústria, além de vernizes. Jorge Peralta teve que se familiarizar com todos os nomes do que ouvia outros colegas e clientes mencionar.Durante a conversa com O MIRANTE entra uma senhora de idade na loja da praceta Pedro Escuro, que também tem entrada para a rua Pedro Santarém. “Queria meio litro de tinta para pintar uma zona pequena de tecto da minha cozinha. Branca se tiver!”, diz a senhora. Quantidades pequenas como aquela são impossíveis de encontrar numa loja especializada e Jorge Peralta refere que apenas existe de um litro, demasiado para as pretensões da cliente.Aparece na loja desde o simples consumidor que pretende pintar uma divisão ou todo o interior de sua casa, como o empreiteiro. Neste caso, e se a quantidade de tinta for grande, recorre-se ao armazém da empresa. Geralmente o máximo que se vende a clientes particulares na loja ronda os seis baldes de 15 litros cada.De resto, se algum cliente surgir com a cor desejada é possível compará-la com a dos pequenos cartões que estão à entrada da loja ou em catálogos para chegar à cor desejada. Mas para isso é preciso recorrer a tecnologia.“Temos os brancos e os pretos que são as chamadas cores acabadas. Para as tintas que se refinam tem que se utilizar o Color Mix. Se o cliente pede por exemplo uma tinta plástica de cor céu existe uma base que tem um código a que se juntam os corantes aquosos nas proporções indicadas pela máquina. Depois, é só colocar a lata lá dentro para se fazer a mistura e obter o resultado final ao fim de escassos minutos para uma lata de um ou dois litros”, explica Jorge Peralta. Se for uma lata de 15 litros o processo pode durar cerca de 10 minutos.Existe ainda uma máquina para tinta industrial. Essa matéria é aplicada habitualmente em infra-estruturas como pontes, portões, com corantes simples ou sintéticos. As cores com mais saída continuam a ser os brancos, beges e marfins, cores mais tradicionais, mas há cada vez mais gente que esquece esses conceitos e aposta em cores vivas, como os laranjas, rosas, azuis, verdes e vermelhos. “Que ficam bem em certas divisões mas muito mais em quartos de crianças e jovens” diz o profissional. Na loja vende-se ainda todo o tipo de acessórios para pintura, desde pincéis, trinchas, rolos, fita isoladora, entre outros. Jorge Peralta tem dois horários rotativos de trabalho. Tanto pode entrar às oito da manhã e sair às cinco da tarde, como fazê-lo às 10h00 e sair pelas 19h00. Logo de manhã começa por fazer a caixa do dia anterior e ligar as máquinas e sistemas de tintas. Verifica se há correspondência e atende os clientes que vão chegando. Verifica ainda se há encomendas para preparar. “Aqui sentimos que temos de vender e existem objectivos a alcançar. É uma actividade diferente mas estamos em constante aprendizagem e estão sempre a sair novidades no mundo das tintas com as tecnologias utilizadas”, refere Jorge Peralta.Primeiro ligado à contabilidade, depois à venda de tintas, o certo é que o grande sonho de Jorge Peralta era ser professor de educação física, o que nunca conseguiu por não ter ido além do nono ano de escolaridade. Situação que está prestes a alterar devendo ser chamado a todo o momento para tirar o 12.º ano das Novas Oportunidades em horário pós-laboral.Jorge Peralta não foi professor de educação física mas foi jogador de futebol de vários clubes da região e até Dezembro de 2008 treinador do Fazendense, de Fazendas de Almeirim, o último desafio nessa “carreira”. Em matéria profissional Jorge Peralta diz que do futuro nunca se sabe mas que o seu presente é na loja, a vender tintas e atender clientes.
A vender tintas depois de uma vida ligado à contabilidade

Mais Notícias

    A carregar...