O Mário Beja Santos da defesa dos consumidores volta a vestir o camuflado
Estive na Guiné como Capitão Miliciano, comandando a Companhia de Cavalaria 8351 - Os Tigres do Cumbijã-entre 1972 e 1974. Antes disso fiz o percurso habitual dos jovens do nosso tempo, tendo sido incorporado em Mafra em Janeiro de 1971. A passagem, imposta, de civil a militar, interrompendo uma licenciatura perto do seu final, com a guerra no horizonte, foi uma experiência altamente dolorosa, difícil de descrever, mas que todos os que a viveram entendem sem mais qualquer acrescento. Eu passei por ela, mas tive uma benesse: pertenci a um pelotão comandado, pelo recém regressado da Guiné, Alferes Mário Beja Santos.Rapidamente reconheci, nem foi necessário comparar com a boçalidade de outros instrutores, a sorte que eu e os meus camaradas tivéramos, ao constatar de imediato a categoria do Homem que nos comandava. As ameaças e os gritos com que outros impunham a sua “autoridade” eram, no nosso caso, substituídas pela lucidez, pela inteligência, pelo diálogo de um Homem extraordinariamente culto, dialogante, inteligente, amigo, preocupado em que assegurássemos a nossa maior pretensão desses tempos:ir de fim-de-semana. Devo-lhe os poucos conhecimentos que consegui obter sobre a Guiné...e alguns fins-de-semana...Perdi-o de vista durante muitos anos, acompanhando como cidadão anónimo, os êxitos que lhe iam sorrindo na sua vida profissional. Lia os seus escritos, seguia os seus programas de televisão e desde há dois anos, quando alguém me deu a conhecer o maravilhoso espaço que é o Blogue “Luís Graça e Camaradas da Guiné” deliciei-me com a leitura da sua colaboração. Vim a reencontrá-lo pessoalmente, na apresentação pública de um livro na Academia Militar. Julgo que a sua obra ultrapassa em muito a Literatura sobre a Guerra Colonial e deve ser analisada enquanto tal. O “Presépio de Chicri”, mencionado na reportagem de O MIRANTE, é de antologia... Estive, embora doente, presente em Alverca, mas para ouvir o Mário, não há doença que resista. Parabéns ao pelouro de cultura da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira pelo ciclo de encontros sobre a Guerra Colonial.Vasco A. R. da GamaÉ o retrato de uma geração “maldita”que sacrificou a sua juventude numa guerra e que, 40 anos depois, ainda tem a sensação que a fez por sua iniciativa conta e risco pois continua a ser tratada como lixo que varre para debaixo de um tapete. A. VeigaPor mais histórias que se relatem, por mais filmes que se produzam ... o que se sofreu e o que se viu sofrer jamais será tido em consideração pelos nossos governantes ou mesmo por uma população que só quer esquecer. Nós éramos jovens e fomos forçados a entrar numa guerra. Não éramos voluntários. Não éramos profissionais. Mesmo os militares de Abril, pelo menos os profissionais, só quiseram, evitar lá voltar. Pelo que fizeram posteriormente, pouco lhes importou os mortos, os incapacitados e os que hoje sofrem ainda os efeitos da guerra. José Torres Maltez da CostaRelatos na primeira pessoa muito intensos e ao mesmo tempo generosos.A sua eloquência é comovente, mas ao mesmo tempo realista. Assim, perdura e perdurará toda esta memória destes bravos.Luís PintoPois é! Somos ainda muitos que guardamos memórias que esta geração não quer ouvir, não quer saber, mesmo a sociedade só à pouco tempo resolveu por cá fora, através da televisão muito do que se passou na guerra colonial. O Beja Santos teve a coragem e o saber, para transpor para o papel aquilo que muitos de nós passou na Guerra Colonial. Bem Haja. (Opinião de um ex. combatente que esteve na Guiné, zona leste, Xime).Sousa de Castro
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