O legado do campino
Cerimónia de homenagem aos campinos do Ribatejo, na Feira de Maio da Azambuja. A mãe monta guarda atenta a todos os passos do menino trajado de campino. Para ele, andar pelas ruas cheias de areia da Azambuja durante a Feira de Maio é uma aventura. Os olhos entusiasmados e inocentes absorveram todos os pequenos pormenores da cerimónia com avidez. Duarte Carta, de apenas 2 anos, já vibra com os cavalos, diz a mãe, Elisabete. “Adora-os e quando se tem de afastar deles faz birra”, assegura. Os toiros e as vacas também lhe despertam grande curiosidade, mas os progenitores ainda o mantêm à distância por segurança. Com sorte, dizem, lá virá a altura em que Duarte estará à altura de seguir as pisadas do pai. A jovem criança está a crescer com a lezíria. Foi trajado a rigor pela mãe não apenas para condizer com a moldura humana que está na praça do município mas porque o pai de Duarte é um dos campinos que integrou as cerimónias. Pedro Melo Lima, do Cartaxo, está em cima do cavalo e vai enviando beijos ao filho com um sorriso vaidoso. Os colegas sorriem e encorajam o pai. Num mundo cada vez mais alheado das culturas e tradições, Pedro tem esperança que o seu filho seja um futuro campino, e que dessa forma honre não apenas a família como a sua herança cultural. “Se Deus quiser ele vai ser”, garante a mãe com convicção. Segurando no ramo de flores que os pais lhe ofereceram, Duarte liberta um sorriso mais rápido que a fotografia. Atrás do jornalista, algo lhe prendeu a atenção. Havia começado o desfile dos campinos pelas ruas da vila. E o pequeno Duarte, como sempre, ficou imóvel a olhar para os cavalos... Filipe Matias
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