Central de Cervejas interessada em adquirir a Drink In
Alberto da Ponte confirma que apresentou proposta à empresa
A Sociedade Central de Cervejas e Bebidas (SCC), detentora da marca Sagres e das águas Luso, está interessada em adquirir a cervejeira de Santarém Drink In. “Eles receberam uma proposta nossa e estamos à espera de resposta”, garantiu o presidente da comissão executiva da SCC. A revelação foi feita por Alberto da Ponte, à margem de um convívio promovido pela Central de Cervejas, inserido numa estratégia da empresa, que visa reunir uma vez por mês a sua comissão executiva nas capitais de distrito. Na terça-feira, 2 de Junho, foi a vez de Santarém.Na ocasião, o presidente da SCC escusou-se a revelar o teor da proposta feita e deixou uma mensagem: “Agora depende muito do que os bancos e os credores decidirem. O problema está com eles e devem dar uma resposta a breve trecho”, disse esperançado o homem forte da Central de Cervejas. Quanto à manutenção dos postos de trabalho, caso a SCC adquira a Drink In, Alberto da Ponte foi claro: “Se eu conseguir manter a massa crítica, estão na sua esmagadora maioria garantidos”. O patrão da cervejeira sedeada em Vialonga assegura que, apesar da crise que afecta Portugal, a empresa “está a crescer trinta por cento nas exportações, o que tem dado para equilibrar as contas da Central de Cervejas.Mudança de estratégiaEm entrevista a O MIRANTE, na edição de 12 de Março, o administrador da Central de Cervejas negou o interesse em adquirir as instalações da Cervejas Cintra em Santarém. “Não estamos interessados nas instalações. Actualmente o volume está a decrescer e é mais viável fazer investimentos em Vialonga. Só faço votos de que os accionistas da Cintra, com alternativas que não podem passar por nós, consigam aguentar a fábrica e os postos de trabalho. Uma coisa é sagrada: a Sagres é sempre feita aqui [Vialonga]. É aqui que está concentrado todo o segredo da feitura da cerveja. Uma espécie de poção mágica”, disse, na altura a O MIRANTE Alberto da Ponte.Drink In em situação muito difícilA cervejeira de Santarém atravessa graves dificuldades financeiras. Como noticiamos na edição de 21 de Maio, o Tribunal de Santarém prorrogou até 30 de Julho a data para a Drink In apresentar o plano de insolvência, que permita salvar a empresa da falência. O prazo dado inicialmente pelo tribunal terminou a 15 de Maio, dia em que Jorge Armindo, que adquiriu a Drink In a Sousa Cintra, em 2006, disse ter pedido mais alguns dias, uma vez que tem em curso “negociações credíveis” e está a fazer “tudo por tudo para que a fábrica continue” a laborar. Na ocasião e sem querer adiantar pormenores, o empresário apenas afirmou que os contactos “credíveis” que tem em curso decorrem com empresas do sector, tanto nacionais como externas. Reafirmando a convicção de que a solução para a Drink In passa por encontrar um parceiro, Jorge Armindo, não descartou a possibilidade de a empresa acabar por vir a ter uma nova administração. “Não está esgotado. As negociações estão quase fechadas, mas envolvem também os credores”, pelo que requerem mais algum tempo, afirmou na altura o responsável.Recorde-se que o processo de insolvência da Drink In deu entrada no Tribunal de Santarém em Fevereiro último, sendo a empresa gerida, desde então, pela administração que estava em funções juntamente com o administrador de insolvência nomeado pelo tribunal. A Drink In apresenta um passivo de 82,9 milhões de euros, quase 90 por cento dos quais à banca. A Situação arrasta-se praticamente desde o início da constituição da empresa por Sousa Cintra, disse Jorge Armindo, acrescentando que as dívidas a fornecedores rondam os 7,5 milhões de euros. A cervejeira de Santarém, que actualmente emprega pouco mais de 100 trabalhadores, tem estado a produzir para marcas brancas de grandes superfícies e tem cedido as suas linhas de enchimento à Central de Cervejas e à Unicer, sempre que estas o solicitam. A Comissão de Credores tem como membros efectivos o Millennium BCP, a Caixa Geral de Depósitos e o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), tendo como suplentes um representante dos trabalhadores e outro da Segurança Social.
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