Estudantes da Agrária sem dificuldade em arranjar emprego
Licenciaturas, mestrados e cursos técnicos adaptados ao mercado
Escola tem dificuldade em responder a algumas ofertas de emprego de empresas que operam em sectores de inovação. Diversificação de cursos e flexibilidade dos horários é uma mais valia.
Na extensa Quinta do Galinheiro, em Santarém, os dias correm tranquilos num ambiente em tons de verde e onde se respira um ar de campo às portas da cidade. Há árvores, plantas, estufas, animais. Ouve-se o chilrear dos pássaros e as vozes das crianças que visitam a escola. Os estudantes da Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS) caminham motivados pela esperança de conseguirem um emprego depois de concluídos os estudos. “A vida lá fora não está fácil. Mas se conseguirmos um bom nível de formação e se trabalharmos bem, penso que não teremos dificuldades”, refere Pedro Duarte, futuro engenheiro de produção animal, uma das cinco licenciaturas da escola que tem 900 alunos de vários pontos do país.O professor José Grego, que integra o conselho científico da ESAS, adianta que há pedidos de empresas a aguardar a conclusão da formação de alunos porque a procura é maior que a oferta em algumas das áreas. “Tivemos um pedido de cinco jovens para uma multinacional e só conseguimos garantir um”, refere. “Não temos situações de desemprego preocupante ao contrário de outras áreas onde há muitos jovens licenciados à procura de emprego”, remata.As licenciaturas são em engenharia agronómica, produção animal, ambiente, ciência e tecnologia dos alimentos e nutrição humana e qualidade alimentar. Há dois mestrados em sistema de prevenção e controlo alimentar e em produção de plantas medicinais para fins industriais. Para quem pretende valorizar-se profissionalmente há Cursos de Especialização Tecnológica (CET) na olivicultura, viticultura e enologia, produção integrada de hortícolas, higiene e segurança alimentar e cuidados veterinários. E para quem prefere as áreas de planeamento e gestão de propriedades há CET’s em sistemas de informação geográfica e cadastro e avaliação de propriedade. O professor José Grego sublinha a necessidade de acompanhar as solicitações do mercado. Por exemplo, em Portugal há falta de técnicos para cuidar dos relvados dos campos de golfe. “Estão a vir de fora e nós podemos prepará-los aqui”, refere. Os espaços verdes são uma das alternativas à agricultura tradicional na região com dezenas de empresas instaladas, incluindo o maior produtor de relva do país. “Quando a agricultura do Ribatejo não absorver os nossos formandos é porque a agricultura já fechou em todo o país”, ironiza a docente Fátima Quedas.Uma oferta diversificada e que facilita a vida aos estudantes trabalhadores, com aulas em horário pós laboral, é um dos segredos do sucesso da ESAS que é uma sucessora da Escola Prática Elementar de Agricultura e Frutuária de Santarém, fundada em 18 de Julho de 1888 e que mais tarde foi Escola de Regentes Agrícolas de Santarém até 1981, quando nasceu a ESAS.Meia centena de docentes e 52 funcionários asseguram o funcionamento da escola cujas instalações se repartem por três quintas, não fosse uma escola agrária. A sede da instituição centenária está na Quinta do Galinheiro, cuidadosamente conservada. “Procuramos ter tudo arranjado para que alunos, professores e visitantes se sintam bem”, refere o director da ESAS Jorge Justino, numa curta viagem até à estufa onde se produzem “saborosos” morangos seguindo as boas práticas ambientais. Noutra quinta da escola produz-se a cevada usada para a produção de cerveja Superbock na fábrica da UNICER. Uma fonte de rendimento, entre muitas outras, que ajudam a custear os “elevados encargos” de manutenção dos espaços.
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