Experiência na área do Alzheimer acabou num pesticida eficaz e amigo do ambiente
Escola Superior Agrária de Santarém está na vanguarda da investigação em vários sectores
A Escola Agrária de Santarém passa ao lado da crise e continua na linha da frente da investigação que vai além do arroz e da batata. Na ESAS investiga-se produção de peixe, o efeito das plantas medicinais e o tratamento de resíduos hospitalares.
Seis anos depois, e com centenas de horas investidas, um grupo de investigadores, que inclui docentes da Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS), registou duas patentes nos Estados Unidos da América, com seis produtos diferentes, na área dos pesticidas amigos do ambiente. O processo está longe de estar concluído, mas se tudo correr bem os pesticidas derivados do açúcar, com uma eficácia cinco mil vezes maior que os actuais, serão comercializados com a marca de uma conceituada empresa europeia na área da saúde.O professor Jorge Justino, director do Instituto Politécnico de Santarém, que inclui a ESAS, explicou a O MIRANTE que este estudo começou com uma investigação na área do Alzheimer (doença que afecta o sistema nervoso nos humanos, causada pela morte das células). Foi o comportamento das moscas usadas nas experiências laboratoriais que sugeriu a mudança do ângulo da investigação. “Os ensaios foram feitos com moscas para ver a sua reacção aos compostos utilizados. O produto foi tão eficaz que elas morreram rapidamente. Percebemos que tínhamos um pesticida eficaz e desviámos a agulha da investigação”, refere o docente.“As grandes vantagens destes pesticidas derivados de açúcar é que não são tóxicos, são amigos do ambiente e bastante activos”, adianta. Neste momento ainda não é possível prever o preço do produto, que está a ser testado com uma produção à escala piloto para aquilatar de todas as vantagens e perspectivar a sua inserção no mercado. Esta investigação, que nasceu no Tratado de Windsor (acordo que prevê a cooperação entre Portugal e Inglaterra também na área das ciências), resulta de uma parceria do Instituto Politécnico de Santarém, Faculdade de Ciências de Lisboa e Universidade de Newcastle em Inglaterra. Se o produto vingar, as universidades ficam com 50 por cento do produto da venda e a outra metade é para os investigadores.Mas esta é apenas uma das dezenas de investigações que alunos e professores da ESAS alimentam diariamente. Para combater uma praga dos arrozais, a ESAS e a Faculdade de Ciências investigam um pesticida capaz de eliminar um fungo que tem a capacidade de dizimar extensas áreas de arrozal. É tão feroz que “é considerado pela NATO na lista dos causadores do Bio-terrorismo”, explica Jorge Justino, um dos cientistas envolvidos no estudo. Os investigadores já terminaram os ensaios no laboratório e preparam-se agora para os ensaios de campo.Neste momento estão em curso na ESAS investigações na área do morangueiro, olival, cereais e milho, batata, valorização dos montados de sobro e azinho, entre outras. Docentes da escola produziram, com a colaboração de alunos, manuais de boas práticas em várias áreas da agricultura nacional. É na ESAS que se faz uma boa parte da “doutrina” que vigora no sector que, ao contrário do que se pensa, no entender de alunos e docentes “está vivo e de boa saúde”.Nas salas de aulas, laboratórios e quintas da ESAS correm também estudos no sector animal como o que preserva os cavalos de raça Sorraia com meia dúzia de resistentes que podem ser vistos na quinta onde está instalada a escola. A raça lusitana também é estudada ao pormenor por um grupo de trabalho. Na ESAS há um laboratório de parasitologia que trabalha em cooperação com vários municípios no estudo e prevenção das doenças dos animais e plantas.O aproveitamento das algas no combate a algumas pragas, como estimulante do desenvolvimento das plantas, como o morangueiro, e no alimento dos peixes marinhos, está a ser avaliado em estudos que despertam interesse internacional.
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