Moradores do bairro da Atral Cipan da Vala do Carregado estão fartos dos camiões
Viaturas que trabalham na construção da plataforma logística levantam pó, provocam ruído e destroem estradas e passeios
Pessoas dizem que moram numa “zona de guerra”. Diariamente passam junto às suas casas perto de 800 camiões carregados de terra com destino à nova plataforma logística da Castanheira do Ribatejo. A conclusão da obra está prevista para 2010.
Os moradores do bairro habitacional da Atral Cipan, na Vala do Carregado, concelho de Vila Franca de Xira, estão fartos dos transtornos causados pelos quase 800 camiões que, diariamente, atravessam a zona residencial rumo à plataforma logística da Castanheira do Ribatejo.Os pesados carregam toneladas de terra com vista a elevar o nível do solo na plataforma. Os moradores queixam-se que a sua passagem levanta grandes quantidades de pó, provoca um ruído elevado, sobretudo quando as galeras batem nos buracos da estrada e falam ainda de fortes vibrações dentro dos apartamentos causadas pelo peso dos camiões. Há até quem compare o bairro a um “cenário de guerra”. “Está a ver este nevoeiro no ar? É pó. Todos os dias é isto. Os estrondos dos camiões a passar e as nuvens de pó. Parece o Ultramar. Isto não faz bem à saúde”, refere Inácio Dias, residente. Os moradores apontam ainda o dedo aos estragos que estão a ser feitos nos passeios. “Como a estrada é estreita eles para se cruzarem têm de subir os passeios. O resultado é que está tudo abatido e estragado”, acusa uma moradora.Para Lindalva da Silva, outra residente, “aqui nunca se tem descanso. É dia e noite a mesma coisa, mesmo aos fins-de-semana. O barulho começa às 6h00 da manhã e já não conseguimos pregar olho, parece que vai tudo pelo ar, parecem aviões”, acusa a nossa interlocutora a O MIRANTE. “São sempre estrondos medonhos”, conclui a mulher de 70 anos que reside mesmo à beira da estrada. Por entre várias placas de venda e aluguer dispostas nas varandas, que dizem alguns “estar postas há meses sem que ninguém lhes pegue”, encontrámos Paulo Jorge, outro morador, que não conteve a revolta. “Se abro a janela durante cinco minutos ficam os móveis todos cheios de pó. Se estendo a roupa na rua ela fica encardida como palha e o meu carro todos os dias tem de ser lavado. É uma vergonha”, lamenta.Actualmente existe uma alternativa à estrada do bairro mas custa aos profissionais do volante mais 10 minutos de viagem. “E como temos um disco que controla o tempo de condução, conseguimos fazer mais trabalho vindo pelo bairro. Como a vida está difícil temos de trabalhar bem e mostrar trabalho”, confessa um motorista ao nosso jornal durante uma pausa para o café. Para os moradores, já que não existe a possibilidade imediata de retirar o trânsito de pesados do local, apontam como solução a repavimentação da via e a rega das bermas. “Se esta estrada levar uma camada boa de alcatrão já o ruído das galeras é minimizado porque não batem nos buracos. E se molhassem as bermas da estrada já não haveria tanto pó solto no ar”, defende Martim Pereira, morador. Os camiões começaram a circular junto ao bairro desde que começou a construção da plataforma logística da Castanheira do Ribatejo e vão continuar durante ano e meio, tempo previsto para a conclusão do projecto que vai custar quase 370 milhões de euros e que promete criar 7 000 empregos directos e 18 000 indirectos. Contactada a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira esta limitou-se a confirmar que tem conhecimento das queixas dos moradores, “uma vez que a autarquia tem reunido regularmente com a população”. Sem apresentar uma medida concreta para a resolução do problema, a autarquia acrescenta que está agendada uma nova reunião com os representantes dos moradores “no sentido de serem minimizados os impactos e corrigir as situações identificadas”.
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