Manuel Simões
Director-geral da Ecodeal, 37 anos, Chamusca
Manuel Simões nasceu no Zimbabwe há 37 anos. É filho de emigrantes lusos, quase vizinhos, mas que se conheceram em África, onde casaram. Veio para Portugal com 10 anos. Formou-se em engenharia química em Coimbra e especializou-se no tratamento de resíduos. Hoje dirige um dos mais modernos centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos, a ECODEAL no Parque Eco-Relvão da Carregueira, Chamusca.
Tenho o curso de engenharia química que tirei em Coimbra. Trabalho na área do ambiente há 16 anos. Comecei nos resíduos industriais e desde aí continuei nos resíduos até hoje. Trabalhei na empresa Autovila, que construiu o primeiro centro na Chamusca e no final do ano passado fui convidado para vir dirigir esta unidade da Ecodeal.Venho todos os dias de Leiria. Chego aqui (Carregueira) às 08h30 e faço uma primeira avaliação da situação. Depois passo o dia a acompanhar a actividade do centro com muitas responsabilidades a nível administrativo, logístico e técnico. Lido com clientes, fornecedores e colaboradores. Como somos uma empresa ligada ao ambiente estamos muito expostos e temos de cumprir com regras exigentes. Procuramos ter um grande rigor em tudo o que fazemos cumprindo com todos os parâmetros a nível ambiental e de segurança.Os movimentos ambientalistas são importantes para o desenvolvimento equilibrado do país. Lido com várias associações e reparo que têm uma visão aberta e capacidade de dialogar, mesmo com quem não está de acordo com as suas ideias. Nunca encontrei fundamentalismos. Esta empresa está aqui depois de ouvidas várias associações ambientalistas. A Câmara da Chamusca tem sido um parceiro importante desta unidade e tem 2,5 por cento do capital social e assento na administração. O município percebeu a importância deste projecto para o país e para o concelho. Na Ecodeal criámos 20 postos de trabalho directos e o dobro de indirectos.Os autarcas do resto do país deviam olhar para este exemplo da Chamusca, que viu no tratamento de resíduos não uma ameaça mas uma oportunidade de desenvolvimento. A nossa unidade é uma das mais modernas e seguras da Europa.Existem sempre riscos no tratamento de resíduos perigosos. São riscos avaliados e reduzidos ao mínimo com a implementação de medidas de segurança que cumprimos à risca. Todos os colaboradores têm formação contínua e equipamentos próprios de segurança pessoal. A nossa unidade é vigiada 24 horas por dia e 365 dias por ano. Temos de estar sempre atentos a todas as movimentações. Procuro estar sempre contactável e quando não posso delego em alguém responsável que assegura essa função.Gosto muito do concelho da Chamusca. É um lugar com muita qualidade de vida e onde as pessoas são agradáveis. Não venho para cá viver porque tenho um filho de 12 anos e seria complicada a mudança nesta altura. É uma zona carente de infra-estruturas mas que tem potencial para se desenvolver com a vinda de massa cinzenta para cá.O único problema desta zona é os acessos porque há vários constrangimentos, principalmente nas pontes da Chamusca e de Constância. Precisamos de alternativas rapidamente. A nossa unidade está muito bem localizada porque está afastada das populações e tem uma grande área de expansão.Os resíduos estão sempre a mudar por força do desenvolvimento. Cada vez mais o resíduo é um produto que pode ser aproveitado para uma outra indústria. Cada vez se evita mais a colocação no aterro. O resíduo é reciclável e valorizável. Este princípio orientou a nossa instalação. Reciclar, recuperar, valorizar é a nossa prioridade. Só se elimina um resíduo em último caso.Esta instalação da Ecodeal é das mais modernas da Europa e tem as melhores tecnologias possíveis fruto da experiência da FCC (Fomento de Construcciones y Contratas), empresa espanhola que tem uma experiência internacional de 25 anos e está sempre na linha da frente.Nelson Silva Lopes
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