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Eleições como os referendos só deviam ser válidas com mais de 50% de participação

São 18h01 de Domingo, 07/06/2009. Dia de eleições para o Parlamento Europeu. E eu escolhi não votar. É verdade, abstive-me. Não vou apresentar quaisquer desculpas esfarrapadas para a minha abstenção. Apenas escolhi fazê-lo.Muitas são as vozes que consideram este meu simples acto, uma verdadeira traição ao espírito de Abril, às conquistas de Abril. Permitam-me discordar. Veementemente.No meu muito pessoal e, quiçá, discutível ponto de vista, considero a abstenção também uma conquista de Abril. Foi a revolução de Abril que me deu a mim esta voz. E eu fi-la soar, gritar bem alto. Peço-vos, não me critiquem por não querer votar. Antes me perguntem porquê: porque é que eu não quis votar?A resposta é simples e, perdoem-me a presunção, creio que comum a muitos portugueses: eu não confio nos políticos que temos. Com certeza que também os há bons e competentes, em todos os quadrantes políticos, mas eu vejo e leio tanta porcaria e corrupção, novamente em todos os quadrantes políticos, que uma pessoa fica desencorajada… Eu sei, eu sei, se eu não voto, que moral me assiste para criticar os políticos eleitos?...E também, se é verdade que cada um tem o que merece, se calhar nós só temos os políticos que merecemos…Também me lembrei de uma outra coisa: se não estou enganada, os referendos só são vinculativos com uma aderência às urnas superior a 50%, não é assim? Pois bem, será assim tão impraticável aplicar o mesmo princípio ao acto eleitoral? Só com uma taxa de abstenção inferior a 50%, o resultado das eleições seria válido. E de cada vez que tivesse que haver uma repetição, isso representaria um corte (digamos, 20%) no vencimento dos políticos, como penalização pelo não interesse do povo português.Assim, matava-se dois coelhos com uma cajadada só: obrigava-se os políticos a trabalhar e a fazer por merecer o ordenado e também se elevava o interesse da população portuguesa pelo acto eleitoral, calando assim aqueles que defendem a obrigatoriedade de votar. Isso sim, um verdadeiro atentado às conquistas de Abril.Fátima d’Oliveira

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