Um, dois, três, cha-cha-cha. José Pisco e Albertina Neves não precisam de conversar para saber o passo que se segue. A cumplicidade que os une facilita-lhes o trabalho. Basta um olhar para cada um saber o que fazer. Além de terem em comum o amor que os une há várias décadas, José Pisco, 68 anos, e Albertina Neves, 66 anos, têm outra paixão em comum: a dança.Sempre gostaram de dançar mas o trabalho roubava-lhes tempo para o prazer. Depois de uma vida dedicada ao trabalho chegou o momento da reforma. Habituados a estarem sempre em permanente actividade, José e Albertina viram-se, de repente, sem saber como ocupar o imenso tempo livre de que dispunham.Foi quando decidiram praticar uma actividade que os mantivesse activos. José e Albertina frequentam a Universidade Sénior de Almeirim (USAL) há cerca de dois anos. A paixão pela dança levou-os a frequentarem essa disciplina. Albertina não tem dúvidas quanto aos benefícios da prática desta actividade. “Faz bem à mente, ao sistema nervoso e ao físico. Desde que frequento a Universidade Sénior que não preciso de tomar metade dos comprimidos que tomava. Sinto-me muito mais saudável”, afirma enquanto aguarda pacientemente a sua vez de actuar.Na USAL já aprenderam a dançar valsa, tango, samba, cha-cha-cha entre outras. José Pisco não concorda com a ideia pré-concebida de que a maioria dos homens não sabe dançar. “Os homens sabem dançar, alguns muito bem até, o problema é que não têm paciência para aprender todos os passos uma vez que isto requer tempo e disponibilidade”, refere o ex-bancário.Albertina Neves confessa que sempre que chega à escola transforma-se noutra mulher. “Normalmente sou uma pessoa um pouco tímida mas aqui solto-me, quase que me transformo noutra pessoa”, diz. O casal garante que esta é uma actividade para continuar. Para se manterem activos e em nome do prazer de ambos pela dança. Ana Isabel Borrego