“Vai ser difícil aparecer outro Cristiano Ronaldo”
Jorge Silva é coordenador do sector de prospecção do Benfica
Com uma vida ligada ao desporto e ao futebol em particular, Jorge Silva é actualmente o coordenador do sector de prospecção do Benfica para o distrito de Lisboa. Morador na Póvoa de Santa Iria diz que a freguesia tem grande potencial.
A qualidade dos jovens jogadores portugueses tem vindo a diminuir de ano para ano e vai ser difícil aparecer um novo Cristiano Ronaldo. Essa é a convicção de Jorge Silva, coordenador do sector de prospecção do Benfica para o distrito de Lisboa.Com 56 anos e natural de Castelo de Bode, uma pequena aldeia Ribatejana, mora actualmente na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira. Jogou futebol em várias equipas da região, como o União de Tomar, que militavam na terceira divisão. Licenciado em Educação Física é ainda professor e tem o grau dois (intermédio) de treinadores. Como técnico já orientou o Clube Desportivo de Benavente, esteve no Futebol Clube de Alverca na altura em que Luís Filipe Vieira era o presidente e na última época esteve à frente do União Atlético Povoense.Fez o serviço militar em Santarém onde conheceu a pessoa que mais admira. “O capitão Salgueiro Maia que tão mal tratado foi”, refere Jorge Silva. Depois disso dedicou-se ao treino e na altura em que Manuel Vilarinho era presidente do Benfica, esteve com um pé no clube da luz. Há seis anos recebeu o convite para integrar o gabinete de prospecção dos encarnados que estava adormecido, “depois de Vale e Azevedo ter praticamente extinguido a área da formação do Benfica”. Desde essa altura que Jorge Silva procura os novos e futuros craques da bola. “. Vai ser difícil aparecer um novo Cristiano Ronaldo. Tenho vindo a notar ao longo dos últimos anos um decréscimo de qualidade futebolisticamente falando. Todos os anos acompanho o torneio Lopes da Silva, organizado no estádio nacional onde estão representados todos os distritos do país, com os seus melhores jogadores e em conversa com os meus colegas, chegamos a essa conclusão”, refere o técnico.Quanto às razoes. “Tem a ver com as florestas de cimento. Os miúdos vão para a escola às sete da manhã e chegam a casa às sete da noite. São encaixotados. Quando é que têm tempo para inventar? Os pais trabalham até mais tarde e despejam os filhos na escola. Depois há outros atractivos como a televisão ou a playstation. A juntar a isto há a má alimentação que é dada às crianças e tem que haver uma mudança de mentalidades nesse aspecto. Cada vez é mais difícil descobrir novos talentos”, salienta Jorge Silva.E as consequências estão à mostra. Há pouco tempo Portugal era presença assídua nos campeonatos da Europa em todos os escalões e neste momento o nosso país está praticamente de fora das fases finais das competições.Para Jorge Silva é “aliciante e um prazer” poder contactar todos os fins-de-semana com miúdos de várias escolas e clubes da região. Diz que os pais vivem intensamente os jogos dos filhos que os costumam acompanhar.Para o responsável o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na procura de novos jogadores com potencial é um desafio e acredita que o trabalho que está a ser feito no Benfica já começou a dar os seus frutos. “ Neste momento já ultrapassamos o Sporting na prospecção. Temos apostado muito forte porque foram criadas condições para lutar com o rival Sporting. Estamos a criar condições para que o Benfica consiga aproveitar todos os anos, um ou dois jogadores para a equipa sénior”, assegura o técnico.Freguesia da Póvoa de Santa Iria tem grande potencialJorge Silva mora na Póvoa de Santa Iria e conhece bem a realidade desportiva local. “É das freguesias do país com a população mais jovem. Tem um grande potencial ao nível dos escalões mais jovens e o Sporting está a tirar proveito disso com a escola que tem instalada na Póvoa”, assegura o técnico.O coordenador da prospecção do Benfica para o distrito de Lisboa é informado semanalmente dos jogos que se realizam no distrito e dos potenciais craques que depois ficarão debaixo de olho dos responsáveis. “Até porque do outro lado temos o “inimigo” a fazer o mesmo”, referindo-se ao Sporting.
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