Quando fui estudante, em tempos que já lá vão, as viagens de finalistas não eram pretexto para ir apanhar bebedeiras para as praias do sul de Espanha e no final de cada período lectivo eram pastoreados pelos professores de museu em museu nas chamadas visitas de estudo. Foi assim que visitei lugares que de outro modo não visitaria porque o meu pai não era homem de museus e porque eu sozinho e de tenra idade não tinha como primeira opção de férias uma ida a um museu.Agora que sou crescido e tenho opção visito museus com a regularidade que a minha costela de bom português me impõe. Uma vez por ano, mais coisa, menos coisa. Uma prática muito católica e que estará relacionada com o preceito da Santa Madre Igreja de comungarmos uma vez em cada 365 dias. Amen!Vem esta minha cartinha a que agora chamam e-mail, a propósito da febre de fazer museus que atravessa os municípios portugueses, como uma verdadeira pandemia.Sei que vou irritar os senhores directores de museus e aplicados vereadores da cultura mas cá por mim já há museu que chegue. Essa coisa de um museu para cada cidadão é manifestamente exagerada, acreditem. Vejam lá. Não se esforcem tanto para cumprir esse objectivo, ainda arranjam uma hérnia museológica ou coisa que o valha. Arranjem mas é as estradas, os passeios e as estações de tratamento de esgotos que deitam um fedor que empesta. Invistam na melhoria das escolas e de verdadeiros transportes públicos. Acabem com o vandalismo, nem que seja à chapada, mas, por favor...por favor...não façam mais nenhum museu.Rui Ricardo