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“Estou na idade dos porquês”

“Estou na idade dos porquês”

José Fidalgo chegou a Vila Franca de Xira por um acaso, mas não mais deixou a cidade

Nasceu em Bragança e ainda menino foi para Moçambique. Em 1975 chegou ao largo da estação de comboios de Vila Franca de Xira com uma mala de porão, a mulher e uma filha de três meses. A cidade foi o ponto mais próximo de Lisboa onde arranjou casa. Foi despachante de tráfego, passou pelo sector metalúrgico e foi vendedor de automóveis. Aos 54 anos é autarca a tempo inteiro e sente-se em plena “idade dos porquês”

Nasceu em Bragança e é um de 12 irmãos. O que faziam os seus pais?A minha mãe nasceu numa aldeia que se chama Bemposta, no concelho de Mogadouro, que fica na fronteira com Espanha. Para fazer face às dificuldades da família no tempo da guerra levava carvão e café para o outro lado para alimentar os filhos. Foi uma lutadora. Trazia dinheiro, mas também farinha e batata e outros produtos que conseguia trocar. Hoje ainda se fala como uma grande conquista daqueles que conseguiam fazer trocas sem ser presos. O meu avô era moleiro. A minha mãe montou depois uma padaria com o meu pai.E em que trabalhava o seu pai? Nos serviços de zoologia e minas, o que lhe valeu um problema pulmonar. Começou a trabalhar com nove anos e tinha a quarta classe o que na altura era uma coisa fabulosa. Tirou o curso de topografia e fazia levantamentos topográficos por todo o lado. Daí ter conhecido a minha mãe. Curioso é que chegou ao fim de uma vida com 18 escudos de reforma. Nem o 25 de Abril conseguiu actualizar os valores. Eram tempos difíceis…O almoço era feito na mesma lamela de onde todos comíamos. Hoje vejo os miúdos, cada um com o seu prato, a tentar espalhar o máximo para comer o mínimo. Lembro-me na altura que quem tivesse a colher mais rápida é que ganhava, mas também me lembro bem do sentimento de partilha. Cresci a ter que partilhar com 11 irmãos. Sinto-me um privilegiado. Tive várias “mães” e “pais” que me acarinharam, mas não me perturbaram a visão para perceber as lutas, as dificuldades da vida e as formas para ultrapassar os obstáculos para que não faltasse a alimentação e a formação.Só ficou em Bragança até aos três anos. E depois?Seguimos os percursos das barragens. Primeiro Bemposta (Mogadouro). Depois Carrapatelo (Marco de Canaveses). Como o meu pai era um irrequieto, irreverente e ligado ao movimento teatral o amigo do amigo lá arranjou maneira de irmos parar a Moçambique para evitar as noitadas nos calabouços… A família precisava do pai e por isso cada hora que passava fora era um drama. Ainda guardo alguns ensaios de teatro que o meu pai escreveu. Era coisas tão banais que me espanto como é que isso pode ter causado problemas. Nos cafés havia quadros com fotografias dos governantes. De vez em quando decorriam alegres convívios entre copos de três, as manifestações extravasavam o normal e atiravam-se copos contra os quadros...Seguiu-se Moçambique.Chegámos lá em 1969. Fiz lá os meus 14 anos. Criei ali um novo ciclo de amigos. Os mais velhos acabaram por emigrar. Cada um para seu país. Brasil, França e Espanha. Como chega a Vila Franca de Xira?Chego vindo de Moçambique. Lá era despachante de tráfego. Foi a minha primeira profissão. Depois deram-me a escolher para onde quereria ir: Brasil, Itália, França ou Portugal. Eu tinha feito uma especialização... Respondi que queria ir para a minha terra. Fiquei de me vir apresentar em Lisboa em 1975. E porquê a cidade?Vim para Vila Franca para estar próximo de Lisboa. Foi onde arranjei casa para alugar. Não foi outra a razão. Já trazia a filha mais velha. Casei ainda em Moçambique. Quando chego a Lisboa para me apresentar no primeiro dia útil de Outubro estive à espera desde as 9h00 até às 11h00 da manhã para depois de me entregarem bilhetes de avião para me apresentar em Paris. Ali não havia condições porque a comissão de trabalhadores assim tinha decidido. Foi o primeiro impacto da minha chegada. É claro que não fui para lado nenhum...E foi trabalhar em quê?Procurei por todo o lado. Corri o país de lés a lés, do Algarve ao Minho. Não arranjei lugar na minha profissão. O mercado estava completamente esgotado. Não tendo oportunidade na minha área liguei-me à metalomecânica. Mais tarde ao sector automóvel. Mas uma profissão, por mais especializada que seja, é sempre menos remunerada do que a prestação de serviços. Tinha uma mão atrás e outra frente e achei que por aí talvez conseguisse maior estabilidade.Foi difícil começar tudo sem família?Sempre tive na vida uma sorte enorme. Fui muito bem recebido em Vila Franca de Xira. Seis ou sete anos depois a minha mulher bem falava em mudar, mas ninguém me arrancava daqui. No dia em que cheguei à estação de caminho de ferro, com uma mala de porão sem saber como a transportar, ainda estava ainda a pensar como o iria fazer quando aparece o João e me pergunta se precisava de ajuda. Quem é o João?Prefiro chamar-lhe só João. Foi uma pessoa que se abeirou de mim para me ajudar, mas há muito mais gente. Hoje considera-se filho da terra?Não sei o que é isso de se ser filho. Sou filho do meu pai e da minha mãe. Tenho um carinho enormíssimo por Vila Franca e por outros homens como o João que apareceram ao longo do tempo, como senhor Casimiro. O ajudar não significa dar dinheiro. Significa conforto e amizade e é disso que falo. A vida pública e política tem sido a sua “desgraça” ou graças a isso se sente um homem honrado e satisfeito?Nesta experiência de autarca a minha curiosidade tem-me trazido muito de bom. Estou na idade dos porquês. De servir de cobaia. De ser mais um estudo de caso. O risco faz parte da vida. O risco pode levar-nos a uma situação de descrédito quando as coisas não resultou. Noutros casos até podem resultar, mas não estamos satisfeitos porque poderia ainda estar melhor. Trabalhamos com pessoas e estamos à procura da dignificação e da excelência. E cada passo que se dá é um avanço.A família cobra-lhe o tempo que não passa em casa?Nós fizemos um contrato. É preciso lutar todos os dias. A “Nita” (a mulher, Ana Maria) tem uma paciência enorme para comigo. É uma excelente mãe e educadora. No tempo em que era preciso alguém lutar a mim coube-me o papel da luta cá fora e a ela o da luta por dentro. Eu sinto que os meus filhos me perdoam por isso. Sabem bem as dificuldades da vida. Conseguiu o equilíbrio?Não sei o que é isso de equilíbrio. É ter um iate, grandes prédios? É ter terrenos? Então não consegui equilibrar nada.Perguntava-lhe em relação à família.Esse equilíbrio sinto que nunca tive. E hoje se tivesse que mudar já teria muita dificuldade. Imagine o que era estar mais tempo em casa. Complicadíssimo. Não pela falta de afectividade, carinho ou amor. É um ritmo que se criou e é difícil inverter. Qual foi a coisa que ouviu que mais o magoou?Às vezes, como hoje de manhã, ouço da minha mulher que deveríamos ir aqui ou ali, mas no fundo acho que compreende. Não posso deixar para os outros aquilo que tenho que ser eu a fazer.E o que é mais agradável de ouvir?Duas coisas: Quando nós aceitamos desafios é decisivo se estamos sozinhos ou acompanhados. A “Nita” acredita mais do que eu e isso dá-me um conforto tremendo. Faço questão de não lhe criar engulhos com aquilo que não deve ter. Há coisas que penso que são confidenciais. Quando as pessoas lhe pedem alguma coisa já sabem que a resposta é sempre a mesma. “Falem com ele”. E qual é a outra coisa que gosta de ouvir?Os meus netos a gritar: “Zeca, Zeca, Zeca!”.É como gosta de ser tratado…Foi o meu primeiro nome. Não foi José. Foi Zeca! Tenho uma família muito boa…Não sei se a questão passa pelo enterramento da linha. O que sei é que é um obstáculo que ali está e que nos massacra por causa do interesse nacional. Até por causa da ligação ao rio. Têm que se criar condições para que o acesso não nos seja importunado pela linha de caminho de ferro, seja subida, descida ou deslocada. Vila Franca de Xira já pagou muito por ter perdido o acesso ao rio, uma fortuna na área do desenvolvimento da piscicultura e se ter transformado num satélite de Lisboa. Vila Franca de Xira tem-se esquecido da Lezíria. Cresci a ter que partilhar com 11 irmãos. Sinto-me um privilegiado. Tive várias “mães” e “pais” que me acarinharam, mas não me perturbaram a visão para perceber as lutas, as dificuldades da vida e as formas para ultrapassar os obstáculos para que não faltasse a alimentação e a formação.Um vendedor de automóveis que chegou à política por acasoJá foi despachante de tráfego aéreo em Moçambique e vendedor de automóveis em Portugal depois de uma passagem pela indústria metalomecânica. José Fidalgo, 54 anos, o presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira há nove anos, diz com humor que já enfrentou duas das profissões menos cotadas na sociedade. Rótulos à parte o actual autarca eleito pelo PS, que já anunciou formalmente a recandidatura às próximas eleições autárquias, garante que tenta dignificar sempre as actividades por onde passa. É a sua forma de estar na vida, diz o transmontado nascido a 4 de Agosto que percorreu o país ao ritmo da construção das barragens, onde o pai trabalhava.O cerco apertado de um Portugal marcado pela ditadura levou-o a rumar com a família para Moçambique. Lá festejou os 14 anos. Só regressou a Portugal já em 1975, casado e com a filha mais velha, para se apresentar em Lisboa no seu novo emprego. A comissão de trabalhadores recusou recebê-lo e foi convidado a rumar a Paris. Escolheu ficar em Portugal, mas teve que deixar a profissão por falta de oportunidades no país. Tinha acabado de alugar uma casa em Vila Franca de Xira. A terra que não mais quis deixar e onde nasceram mais dois filhos. A ligação ao movimento associativo e a rádio valeram-me contactos. Depressa começaram a falar-lhe no desafio autárquico. “Eu que já tinha passado por tanta coisa na vida fui com a ideia de tentar ser um pouco mais útil à sociedade, mas também a pensar nos meus filhos e nos meus netos”, diz quem prefere a sinceridade à hipocrisia. Quando se ligou à política, há 12 anos, os filhos já estavam formados. Depois de integrar a lista do partido socialista, um bilhete para um completo mundo novo, alguns amigos transformaram-se em inimigos. “É uma das coisas que ainda não consegui interpretar. Tal como acontece no futebol importa a cor da camisola. Se os mais sábios chegam ao final da vida e dizem que ainda têm muito para aprender como é que gente mais jovem pode ter estas convicções tão fortes? É claro que há certas convicções que devemos ter na vida. É essa a minha maneira de estar”.No seu gabinete na junta de freguesia tem uma pintura com cavalos da autoria de Antonieta Janeiro. As fotos de família têm o seu lugar em casa, tal como o trabalho. Recusa levar documentos para despachar em casa. Gosta de separar as águas. Quando os filhos eram mais pequenos costumava dizer-lhes que por esta altura estaria a correr mundo, ao lado da mãe, de mochila às costas. Hoje tem três filhos, quatro netos e um dia a dia de redobrada azáfama que lhe retira tempo para ir ao cinema e acabar a página do livro que todas as noites abre, sem sucesso, para ler. “A linha de comboio é um obstáculo que massacra em nome do interesse nacional”José Fidalgo defende que Vila Franca de Xira deveria voltar-se mais para o rioComo reage quando ouve chamar a Vila Franca de Xira a Sevilha portuguesa?Mal. Gostava que fosse Sevilha a ser conhecida como a Vila Franca de Xira espanhola. Vila Franca de Xira tem a sua identidade. Vemos muitas sevilhanas quando deveríamos ver mais etnografia… É possível devolver a cidade aos cidadãos? Tirar o trânsito da cidade não é ajudar a matar o comércio?A cidade é dos cidadãos. Nós temos que olhar para os números. Já houve quem quisesse aproveitar os concelhos à volta de Lisboa para criar parques de estacionamento. Cinquenta por cento dos lugares são ocupados por pessoas que utilizam o comboio para se deslocar para outro lado. Afinal há lugares. É tudo uma questão de organização. Isto não se faz com um estalido de dedos. Acredito que o novo regulamento de trânsito com base no conceito de mobilidade para todos vai funcionar. Durante o dia tem que haver rotação para que o comércio e serviços também beneficiem. Vai ser uma acção pioneira no país. As pessoas alguma vez vão habituar-se a deixar o carro longe do centro?É uma questão de mentalidade. Se estou a penalizar Vila Franca de Xira tenho que encontrar uma solução. As pessoas não podem usar o carro para andar 200 metros. Se não fosse presidente da junta poderia ser presidente do Xiradania?Se poderia liderar um movimento de cidadãos? Para ser presidente é preciso ser eleito… Mas os movimentos de cidadãos são fundamentais para que existam opiniões distintas e diversas. E se estou cá foi porque um grupo de trabalho entendeu que deveria ser assim. Passei a trabalhar profissionalmente para cumprir um objectivo.Se tivesse dinheiro comprava um mouchão?Não. Um amigo meu proprietário de um mouchão já veio pedir ajuda para ir sustentando o seu trabalho e criando gado. Nesta área só pode trabalhar quem sabe. Como lida com camaradas socialistas/intriguistas?Como lido com todas as pessoas… É natural que se criem promiscuidades e lobbies de funcionamento típicos do próprio português. Fui habituado a partilhar com mais 11 irmãos. Aprendi os valores da justiça e equidade.Quando o Alverca jogava com os grandes clubes portugueses sentia algum orgulho especial?Não aprecio futebol. Já fui praticante de atletismo e xadrez. O que me seduz no desporto é a vertente da formação. Acredito na máxima “mente sã, corpo são”. Em termos de visibilidade territorial Alverca teve placas na auto-estrada porque o clube estava na primeira divisão. É o futebol que manda? Preferia que apostássemos na formação e não na competição... Luís Filipe Vieira é um “espertalhão” ou é o ex-presidente do Alverca que levou o clube a sonhar impossíveis?Penso em Luís Filipe Vieira como uma pessoa com actividade na área da construção. Lembro-me que teve uma obra que demorou imenso tempo a ser recepcionada. É uma figura pública ligada ao Alverca e ao Benfica. Não sou simpatizante desportivo, mas a imagem que fica é a de alguma estabilidade do clube. Muitos esgotos não tratados ainda continuam a ser lançados para o Tejo. Mesmo depois dos apoios da Europa. Não se sente envergonhado como autarca?Na freguesia de Vila Franca de Xira a cobertura é que 100 por cento. O que tenho vergonha é que ao longo do Tejo se tenha construído tudo sempre de costas para o rio e para lá iam também esgotos não tratados. Sou a favor de tudo o que nos faça virar para o Tejo. O caminho ribeirinho já foi um passo. É preciso virarmo-nos de frente para o rio. Não virar as costas a quem sempre nos alimentou.A Companhia das Lezírias é um feudo e podia ser o melhor parceiro para termos uma região ainda mais rica e próspera.A sede da Companhia das Lezírias não deveria ser Samora Correia, mas Vila Franca de Xira. A Companhia é do Estado. Grande parte dos terrenos está a ser explorado pelos agricultores. Se houvesse melhor aproveitamento a zona poderia ser potenciada. Era importante promover o produto de Vila Franca de Xira. Os espanhóis levaram a semente do melão, mas não levaram a terra onde nasce o fruto suculento e doce. O caracol é outro dos produtos que poderia ser distintivo, tal como o arroz. A exploração da água, agricultura e turismo seria fundamental. Só peço uma coisa: não façam safaris na Lezíria porque não é o sítio deles.E se de repente privatizassem a Companhia?Vila Franca de Xira perderia muito. Essa hipótese esteve em cima da mesa no Governo PSD/CDS-PP. Obrigou a movimentações. Orgulho-me da pressão que se fez para que isso não viesse a acontecer. As qualidades peculiares da freguesia devem ser evidenciadas. Falava-se na possibilidade de construir grandes hotéis e pontes. Não se admite que avancem novas construções. Não faz sentido criar uma arquitectura francesa-alemã. As casas das comportas estão inactivas e poderiam ser aproveitadas para turismo de habitação. No deve e haver da sua vida política quem é que deve a quem?Comecei a minha vida como despachante de tráfego. Também já fui vendedor de automóveis que, tal como a actividade de político, é uma actividade pouco credível aos olhos da generalidade dos cidadãos. O que tenho feito ao longo da minha vida é tentar dignificar as actividades por onde tenho passado. Tento fazer política e não politiquice. Seja sincero: o novo PDM é um bom documento para gerir o concelho?Belíssimo documento. Também fizemos o nosso próprio PDM para a freguesia e estamos de acordo. Se me perguntar se é perfeito digo-lhe que não sei o que é a perfeição. O espaço geográfico muda muito lentamente e as pessoas mudam mais frequentemente. O que me falta neste projecto são as dinâmicas societais. Estão desenhados os equipamentos e as praças públicas, mas pergunto: e as pessoas? Os meus filhos nasceram aqui. Porque é que não vivem em Vila Franca? O mesmo pergunto aos filhos dos filhos de vila-franquenses. Não tinham aqui oferta. O casco velho está demarcado. Precisa de requalificação, mas para isso tem que haver oferta. Temos um problema que se chama linha de caminho de ferro. Acredita que a linha ainda pode vir a ser enterrada?Não sei se a questão passa pelo enterramento da linha. Há muitas maneiras de matar pulgas. O que sei é que é um obstáculo que ali está e que nos massacra por causa do interesse nacional. Até por causa da ligação ao rio. Têm que se criar condições para que o acesso não nos seja importunado pela linha de caminho de ferro, seja subida, descida ou deslocada. Vila Franca de Xira já pagou muito por ter perdido o acesso ao rio, uma fortuna na área do desenvolvimento da piscicultura e se ter transformado num satélite de Lisboa. Vila Franca de Xira tem-se esquecido da Lezíria. Quando é a maior concentração agrícola do país. Com este conjunto de mouchões poderíamos ser mais úteis ao país. Porque é que Vila Franca se esqueceu da Lezíria?Se olharmos para a nossa comunidade percebemos que a nossa maior fonte de riqueza é a agricultura e a água. Vivemos numa zona que nos cria dificuldades em termos de candidaturas a fundos comunitários. Devíamos era estar empenhados em minimizá-las.Há corrupção no concelho de Vila Franca de Xira ligada a obras e especulação de terrenos?Corrupção? Refere-se aos terrenos que a câmara recebe como contrapartidas pelos licenciamentos? Só conheço isso. O que acontecerá à velha Vila Franca de Xira quando a nova for uma realidade?Não acredito na ideia de uma nova Vila Franca. A nova Vila Franca já existiu e hoje chamam-lhe até casco velho. Entendo-a como um acrescento da malha urbana. Ainda não ouvi outros argumentos senão o de “não gosto e não quero”. Mesmo que tenha ouvido aqueles que são a favor da UD4 (como prefiro chamar-lhe porque o nome é Lezíria das Cortes e do Chinelo) dizer que conseguiram diminuir a área de construção foi no tempo da CDU que o projecto foi aprovado e ainda mais alargado. Aquele espaço é importantíssimo para Vila Franca de Xira enquanto plano de expansão. De quantos fregueses já ouviu insultos?Contam-se pelos dedos da mão as atitudes menos próprias. Uma vez recebi um telefonema de um munícipe que me incomodou muito. Disse-me “eu pago impostos para que me mude a lâmpada”. Avançámos para a certificação dos serviços da junta de freguesia também para evitar certas confusões. Temos que ser responsabilizados por aquilo que a Epal ou a Edp faz? Fala-se muito de parcerias público-privadas, mas não se fala de parcerias público-públicas. Quantos fregueses lhe batem à porta de casa por semana?No princípio eram mais. Os meus amigos já sabem que não vale a pena virem pedir favores. É politicamente incorrecto o que vou dizer, mas sou eu quem menos manda.
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