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Tomar homenageia “patos bravos” que ajudaram a construir Lisboa

Tomar homenageia “patos bravos” que ajudaram a construir Lisboa

Obra simbólica foi inaugurada numa rotunda perante uma centena de pessoas
Quem no último sábado, 11 de Julho, passasse de manhã junto à Rotunda da Serôdia, na Estrada da Serra, em Tomar, deparava-se com uma agitação fora de comum. No meio do círculo, destinado a ordenar o trânsito, dezenas de pessoas assistiam à inauguração de um monumento que pretende homenagear os construtores civis de Tomar, vulgarmente designados como “patos bravos”. Nas proximidades também se encontravam muitos curiosos naquela que terá sido a primeira inauguração realizada no interior de uma rotunda na cidade. O monumento, da autoria da arquitecta Sandra Horta Costa, consiste numa sequência de pilares de betão em crescendo terminando num bloco completo e iluminado. E é uma homenagem ao construtor tomarense que, sobretudo na primeira metade do século XX, saiu do nordeste do concelho de Tomar para Lisboa e, a pouco e pouco, foi singrando na construção civil. A obra está assente num pavimento de brita que apresenta três cores diferentes. Para o presidente da Casa do Concelho de Tomar, de quem partiu a iniciativa, a inauguração deste monumento corresponde à concretização de uma ambição muito antiga uma vez que perpetua, de uma forma simples, todos os que por ali passaram rumo à cidade que fizeram crescer (Lisboa). José Manuel da Graça recordou os primórdios deste movimento com os construtores tomarenses João Vicente Martinho, Manuel de Matos e Manuel Vicente que “em 1906 adquiriram um lote de terreno perto da Praça do Chile ao preço de dois escudos por metro quadrado, assumindo o risco por inteiro já que o capital disponível era quase nulo e utilizando apenas a sua força de trabalho”. José Manuel da Graça recordou que faziam um trabalho “duríssimo” onde patrões e operários trabalhavam lado a lado, sem domingos nem feriados, indiferentes à chuva e ao frio. “Estes patos bravos nunca esqueceram a terra onde nasceram e nas suas aldeias reconstruíram as casas dos seus pais, alargaram estradas, arranjaram as capelas e moveram influências junto de empresas transportadoras para que os autocarros passassem nas suas aldeias”, salientou o responsável. O presidente da Câmara de Tomar, Corvêlo de Sousa (PSD), referiu que esta é uma homenagem colectiva. “Representa aqueles que tiveram o engenho e a sorte de construir a sua própria fortuna e reputação, mas representa igualmente todos os que, nunca ultrapassando a sua condição de pedreiros ou de serventes, o fizeram sempre com todo o brio profissional” realçou o autarca. No final da cerimónia foram muitos os que quiseram observar de perto os pilares de betão em crescendo, inspirados pelo avô da arquitecta, também ele um “pato bravo”, epíteto que a autora do elemento escultórico não considera pejorativo.
Tomar homenageia “patos bravos” que ajudaram a construir Lisboa

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