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Maria José Pagarete

Maria José Pagarete

58 anos, vice-presidente do Instituto Politécnico de Santarém
Sou licenciada em Matemática, no ramo de estatística. A minha formação nunca era com vista a ser professora mas mais para trabalhar numa companhia de seguros ou num gabinete de estatística. Era aluna de 20 a Matemática. Nunca pensei em tirar outro curso. Gostava muito de fazer exercícios. E de conseguir acertar nos resultados. Acabei a licenciatura com 16 valores o que, na altura, não era muito frequente. Em pequena gostaria de ter sido artista de circo. Naquela época os miúdos iam imenso ao circo e achava imensa graça aos fatos que usavam. Ainda pensei em seguir medicina mas, mais tarde, vi que não tinha tendência nenhuma para ser médica. Acho que pensei nisto por influência familiar. Naquele tempo ser médico era muito importante. Apanhei a contestação estudantil do 25 de Abril a meio do curso. Depois da revolução, como era muito difícil arranjar emprego, fui para professora. Entre o bacharelato e a licenciatura trabalhei no Ministério do Exército e chefiava uma secção que fazia a recolha mecanográfica dos dados dos militares que estavam no Ultramar. Comecei como professora de ensino preparatório e secundário. Fiz estágio pedagógico. Nesse tempo pouca gente era licenciada em Matemática no ensino preparatório. Por este motivo, fui convidada para integrar uma equipa que coordenava um novo modelo de estágios dos professores das escolas de Lisboa. É preciso que o professor goste muito do que faz para conseguir com que os alunos gostem de matemática. Tem que ter conhecimentos profundos do que ensina e jeito para falar. Às vezes os professores gostam de ensinar mas não sabem comunicar. Para mim foi fácil ensinar e comunicar com os meus alunos. Lembro-me de ter uma aluna que era repetente e que era conhecida por ter mau comportamento. Comigo consegui que nunca faltasse às aulas. Consegui conquistá-la pela relação.A viragem na minha carreira surge quando o Governo pensou em criar as escolas superiores de educação. Como já trabalhava na formação de professores concorri e fui seleccionada para fazer um mestrado, em Portugal e em Boston nos Estados Unidos. Fiquei colocada na ESE em Beja durante um ano. Era difícil porque vivia em Lisboa. Abriram concursos em todas as escolas de educação e resolvi concorrer para Santarém, que era mais perto da capital. Vim trabalhar para Santarém no ano de 1985 mas só vim viver para cá em 1999. Em 1986 concorri para a presidência do Conselho Directivo da Escola Superior de Santarém. Fiquei como vice-presidente e, em 2003, passei a presidente, cargo que ocupei até 2005. Foi neste ano que se deu a mudança da presidência do Politécnico de Santarém (IPS). Sou vice-presidente do IPS desde 2006. Sinto-me bem nos cargos de gestão mas gostava também muito de ser professora. Fiz recentemente uma pós-graduação em Direcção Estratégica mas ainda me falta acabar o doutoramento. Sou uma pessoa muito organizada. Sou filha única. Nunca tive que competir com nenhum irmão para ser a melhor. Passava muito tempo a estudar e a fazer exercícios com regras de cálculo. De estar sozinha a pensar na resolução dos exercícios. O meu pai também gostava de matemática e apoiava-me. Sou casada e tenho duas filhas e um neto de 15 meses. As minhas filhas têm apenas um ano e meio de diferença de idade. Já tinham nascido quando fui fazer o mestrado, durante seis meses, nos Estados Unidos. Uma ficou com a minha mãe, a outra com a minha sogra. Têm personalidades muito diferentes. Uma é educadora de infância e a outra é professora de educação física. Gosto muito, mas mesmo muito, de viajar. De conhecer outras culturas, outros povos. Já conheço muita coisa mas gostava de conhecer tudo o que há pelo mundo. Na educação participo em projectos com países de África. O meu gabinete está decorado com muitos objectos e fotografias dessas viagens. Faço colecção de relógios Swatch há muitos anos. Tenho imensos, nem sei quantos são (risos). Elsa Ribeiro GonçalvesNasceu em Lagos, no Algarve, a 18 de Julho de 1950. Em pequena sonhava ser artista de circo mas o seu percurso acabou por ser bem diferente e licenciou-se em Matemática aplicada no ramo de Estatística. Mora em Santarém, onde ocupa o cargo de vice-presidente do Politécnico desde 2005, e tem saudades da agitação citadina de Lisboa, onde viveu durante muitos anos. É casada, tem duas filhas e um neto. O cargo que assume permite-lhe, muitas vezes, fazer o que mais gosta: viajar pelo mundo.
Maria José Pagarete

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