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“O jornalismo não pode pactuar com a mentira ou a invenção”

“O jornalismo não pode pactuar com a mentira ou a invenção”

Professor, escritor e jornalista reside em Alverca há mais de três décadas

Caetano Pacheco de Andrade dedicou a sua vida à escrita e à leitura. Professor e escritor, com pouco mais de quarenta anos, decidiu ir atrás do sonho. A paixão pelo jornalismo falou mais alto e fê-lo trocar o Porto pela cidade de Alverca.

Com apenas onze anos leu o seu primeiro livro “a sério”. “A Brasileira de Prazins” de Camilo Castelo Branco. Aos dezassete já tinha lido alguns dos grandes escritores portugueses. Eça de Queirós, Alexandre Herculano e Ramalho Ortigão. “Nunca me perdi pela literatura de cordel”, refere Caetano António Pacheco de Andrade. Um apaixonado pela língua de Camões, pela arte de bem escrever e pelo jornalismo.Professor, escritor e jornalista, Caetano Pacheco de Andrade, nasceu em Lourenço Marques, actual Maputo, Moçambique, mas com seis meses veio para Portugal. Depois de três anos passados na Beira Alta, na aldeia de Figueira de Castelo Rodrigo, rumou até à cidade invicta. Foi professor de português no Colégio Brotero, um dos melhores do país e onde estudou gente ilustre como o poeta Vasco Graça Moura. Caetano Pacheco de Andrade defende que o português devia ser mais bem ensinado. “As pessoas têm de sentir e apaixonar-se pela língua. Sempre gostei muito do português e ainda hoje sou um curioso e continuo a estudar a nossa língua. Os alunos de português navegam muito nos exames”, revela o professor, profundo conhecedor da realidade.A sua longa e distinta carreira como docente culminou com um convite para ser director do colégio do Porto. Aceitou e esteve à frente dos destinos da instituição dez anos. Há cerca de trinta anos mudou-se para Alverca do Ribatejo com o objectivo de concretizar o sonho de ser jornalista. “Era para ter ficado na redacção do Diário Popular (DP) no Porto, mas vim para Lisboa. Fiquei a morar em Alverca e tive de procurar casa”, conta o jornalista. Sentado no sofá de sua casa, de onde se destaca um quadro pintado à mão, que retrata a zona ribeirinha portuense, o jornalista diz que as suas raízes estão no norte, mas gosta de viver na cidade ribatejana.O jornalismo sempre foi a sua grande paixão. Com sete anos resolveu fazer o seu primeiro jornal com o dinheiro que a avó lhe ia dando de vez em quando. “Comprei uma caixa com letras de borracha. Havia uma almofada onde mergulhava as letras e fixava numa folha de papel. Foi o primeiro jornal que fiz em conjunto com miúdos da minha idade”, recorda com nostalgia.Morava já em Alverca quando começou a frequentar a primeira escola de jornalismo sedeada em Lisboa. Na altura já tinha mais de quarenta anos. “Mas não fui aprender jornalismo à escola. Aprendi a escrever muito novo fruto de uma aptidão natural”, revela Caetano Pacheco de Andrade. Teve como professores alguns “grandes jornalistas” que trabalhavam no Diário Popular, onde o jornalista começou a sua carreira como estagiário. Passados dez anos assumiu as funções de director do DP e mais tarde esteve ao serviço do Diário de Noticias (DN), onde foi redactor principal. “Uma espécie de editorialista. Aquele que escreve artigos de fundo com mais responsabilidade”, revela o jornalista.Caetano Pacheco de Andrade continua a escrever para dois semanários por “gosto e desporto”. A Voz da Verdade e a Voz Portucalense. Normalmente escreve um artigo de opinião dobre um assunto que esteja na ordem do dia e continua a ler. “A minha vida sempre foi a ler e a escrever”, confessa o jornalista.“Um bom repórter faz um grande jornal e atrai leitores”Os jornalistas e o jornalismo, por uma questão de ética, devem-se orientar sempre pelo rigor, pela verdade que são no fundo a realidade. Esta é a visão que Caetano Pacheco de Andrade tem sobre a profissão que exerceu ao longo de mais de três décadas. Afirma de uma forma categórica que o jornalismo não pode pactuar com a mentira ou a invenção. No seu entender a imprensa faz poucas reportagens. “A reportagem é um género nobre e valioso do jornalismo. Procura e vai ter com a vida social e reporta isso através dos órgãos de comunicação social. Um bom repórter faz um grande jornal e atrai leitores”, confessa o jornalista.Para si o lucro e as audiências dependem muito da qualidade. “Um jornal se tem qualidade tem leitores. O jornal também tem interesse em ter bons jornalistas”, afirma Caetano Pacheco de Andrade, que considera haver alguns bons jornalistas na nossa imprensa. “Mas não se vêem muitos”, vaticina.O também escritor lamenta ainda que os profissionais da comunicação não leiam mais. Recorda que antigamente liam-se bons autores portugueses para melhor se escrever. Hoje em dia já não é assim, com muita pena sua.Alverca distinguiu-o com o Galardão de Mérito CulturalApesar de não ser um filho da terra, a cidade de Alverca do Ribatejo, reconheceu o valor e a dedicação de Caetano António Pacheco de Andrade em prol da cidade ribatejana e atribuiu-lhe o Galardão de Mérito Cultural. Numa cerimónia realizada na Sociedade Filarmónica de Recreio Alverquense (SFRA), que serviu também para assinalar os 19 anos de elevação a cidade, o homenageado não pôde estar presente por questões de saúde, mas disse estar agradecido por esta distinção que “muito o honra”.Caetano Pacheco de Andrade dedicou a sua vida às letras e a paixão pelo jornalismo fê-lo alterar o seu destino. Uma mudança em nome de uma causa maior. A de informar e com rigor, profissionalismo e dedicação. De conversa fácil e contagiante, Caetano Pacheco de Andrade é um exemplo a seguir. Uma inspiração para os novos jornalistas e uma referência para aqueles que estão nestas andanças há mais tempo.“Alverca deu um salto nos últimos trinta anos”Quando Caetano Pacheco de Andrade chegou a Alverca do Ribatejo em 1976 deparou-se com uma cidade ainda rural. “Onde estou agora eram só campos. Hoje é um espaço habitado”, referindo-se à zona próxima da Sociedade Filarmónica de Recreio Alverquense, local onde reside actualmente.No seu entender e apesar de a cidade ribatejana estar situada numa zona periférica, junto a Lisboa, adquiriu uma personalidade própria e deu um salto nos últimos trinta anos. “Alverca cresceu, expandiu-se e tem-se desenvolvido. Há mais espaço e mais habitação. Houve uma evolução positiva”, afiança o jornalista.Caetano Pacheco de Andrade tem confiança nos políticos que gerem os destinos da cidade. Acredita que o que faz falta a Alverca está a ser feito. “O município não tem cruzado os braços. O fecho de empresas acontece não só em Alverca como em todo o lado e isso arrasta situações gravosas como o desemprego”, garante Caetano Pacheco de Andrade.
“O jornalismo não pode pactuar com a mentira ou a invenção”

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