A classe política e os funcionários públicos bem podem carpir-se de cada vez que são zurzidos pela população mas situações como a da legalização dos poços só me fazem pensar que ainda levam poucas. A incompetência, desleixo, desrespeito pelos cidadãos não é devidamente castigada. Já que ninguém é responsabilizado pelos danos causados e pelo contributo dado para que a democracia e o civismo se afundem cada vez mais, ao menos que fiquem com os ouvidos cheios com os impropérios das vítimas.A primeira coisa que um cidadão tem que aprender é que as leis não são para levar a sério. Quem as faz é, na maioria dos casos ignorante. É por isso que muitas leis começam por ser suspensas assim que entram em vigor. Instala-se uma tal confusão que só parando tudo é que as pessoas se entendem. É com a cor dos táxis, a avaliação dos professores, a lei dos poços.Os cidadãos cumpridores. Aqueles que correm a cumprir o que foi determinado por lei, são os mais tramados. Veja-se no caso dos poços. Quem foi a correr arranjar a documentação necessária, passou horas nas filas de espera e em alguns casos até pagou por ter dificuldade para tratar de tudo, foi quem se prejudicou. Muitos desses proprietários que gastaram dezenas e dezenas de euros, mesmo sem os ter, vieram a saber, tarde demais, que os seus poços e furos nem sequer tinham que ser registados. Claro que agora o Estado não os indemniza. Como é sabido o Estado só paga indemnizações aos ricos. Da próxima vez que sair uma lei do genro a prudência aconselha que os abrangidos pela mesma não se precipitem. Provavelmente a lei vai ser suspensa e depois de suspensa vão sair uns despachos, uns regulamentos e umas directivas que farão com que a lei inicial seja transformada em algo…muito diferente. Álvaro Franquelim Santos