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O saneamento de Miguel Relvas

*José Eduardo CarvalhoInfelizmente a região de Santarém não tem sido pródiga em encontrar políticos que coloquem os interesses do distrito nas prioridades da sua acção governativa ou de serviço público. Na área social-democrata, o Dr. Miguel Relvas e o Eng. Mira Amaral não foram as únicas excepções mas, decerto, não cometeria qualquer injustiça se afirmasse que sobressaíram de forma inquestionável dos restantes. Por ironia, foram ambos alvos de decisões controversas, polémicas e impiedosas da Dra. Manuela Ferreira Leite. O primeiro, no afastamento das listas de deputados do distrito de Santarém nas próximas eleições parlamentares. O segundo, no tratamento de que foi alvo na solução encontrada para a gestão de topo da Caixa Geral de Depósitos, quando ela desempenhava o cargo de Ministra das Finanças.Conhecemos os crescentes problemas que o actual regime político apresenta para se credibilizar. São notórias as suas dificuldades em atrair e recrutar pessoal político qualificado e competente para o desempenho de funções públicas ou governativas. As razões são diversas: é o escrutínio permanente e insolente da sua vida; são as baixas remunerações praticadas; é a dimensão dos problemas do país, alguns quase insolúveis; é o bloqueio da acção governativa protagonizada pelas corporações instaladas no Estado; são as dificuldades em consensualizar numa legislatura de salvação nacional, a adopção de um conjunto de medidas impopulares que tirem o país do marasmo e agonia em que se encontra. Não devemos, contudo, escamotear as responsabilidades dos próprios agentes políticos na fase actual de descredibilização do regime. Como dizia Pedro Rebelo de Sousa, há alguns que entram na política com uma casa de duas assoalhadas em Campo de Ourique e saem dela com uma mansão na Quinta do Patino. O espectáculo indecoroso de pequenas vinganças, tráfico de influências e ingratidões na luta pela partilha e ocupação de lugares no parlamento, desprestigia a dimensão da acção política. Conseguido esse objectivo, muitos negligenciam o trabalho parlamentar e outros, simplesmente, não frequentam o parlamento. No meio de tudo isto, esquecer os interesses da região e das populações do círculo eleitoral por onde foram eleitos, acaba por ser um pecado menor, porque um bom político que se preze “não submete o interesse do país” às promessas e ao programa eleitoral do seu círculo. O Dr. Miguel Relvas não encarna nenhum dos factores que contribuem de forma acentuada para o descrédito do sistema e do regime. É público, que quando foi Secretário de Estado da Administração Local, tinha o gabinete aberto a qualquer autarca da região, chegando a recebê-los às 7h00 da manhã, quando a indisponibilidade de agenda e a dimensão dos problemas assim o exigiam. Nunca revelou qualquer sectarismo na sua acção governativa. Deve-se a ele, o facto das autarquias e as empresas da região de Santarém, continuarem a beneficiar de apoios comunitários do QREN entre 2007 e 2013, devido à integração da Lezíria e Médio Tejo em regiões de objectivo I. Participou, como cabeça de lista do PSD em diversos actos eleitorais, e desempenhou funções políticas e partidárias de responsabilidade na região, nunca permitindo que o antagonismo das políticas, das ideias, dos projectos e das pessoas resvalasse para a “cafernização” da praxis política.Quando a gestão dos conflitos no interior das entidades do sistema partidário, obriga a expurgar pessoal político com este perfil, é um sinal evidente que o regime está doente e dificilmente se regenerará.Infelizmente a região de Santarém não tem sido pródiga em encontrar políticos que coloquem os interesses do distrito nas prioridades da sua acção governativa ou de serviço público. Na área social-democrata, Miguel Relvas e Mira Amaral não foram as únicas excepções mas, decerto, não cometeria qualquer injustiça se afirmasse que sobressaíram de forma inquestionável dos restantes

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