Crianças da Quinta da Grinja e do Bairro da Pedra Furada brincam na estrada
Moradores sentem-se esquecidos, reclamam um parque infantil e mais condições
A estrada é local de brincadeira das dezenas de crianças que moram na Quinta da Grinja e no Bairro da Pedra Furada, em Vila Franca de Xira. Moradores reivindicam há anos um parque infantil, reclamam melhorias na zona e criação de espaços verdes e de lazer.
De um lado está a Quinta da Grinja. Do outro o Bairro da Pedra Furada. A estrada que separa as duas zonas, por onde diariamente passam centenas de carros, é um dos locais onde as crianças que ali moram costumam brincar, como pudemos confirmar. Os restantes “parques infantis” são outras ruas que existem nos dois lados.Há anos que os moradores, que se sentem esquecidos pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, reivindicam um parque infantil para que as dezenas de crianças possam brincar em segurança. Como não há um local onde os pais ou avós possam levar os mais pequenos muitas vezes a solução é deixar as crianças horas a fio em frente à televisão. “Não há alternativa para as nossas crianças brincarem”, garante Otília Sílvia, 69 anos, moradora no Bairro da Pedra Furada.A situação agravou-se quando há cerca de sete anos foi encerrado um edifício da Cáritas – situado entre as duas localidades – que funcionava como espaço de Actividades de Tempos Livres (ATL) e para onde as crianças seguiam, depois de sair da escola, situada a poucos metros dali. O edifício está abandonado, vedado com uma rede e cheio de silvas à volta. Com o Verão torna-se num potencial foco de incêndio.Mesmo ao lado do edifício abandonado há um outro recinto em terra batida, vedado e que serve para uma empresa de transportes públicos que opera em Vila Franca de Xira estacionar os seus autocarros. Indignados os moradores questionam se ali não podia ter sido construído o tão desejado parque infantil. Em vez disso, dizem, no Verão, têm que levar com o pó e no Inverno com a lama, já que o recinto liga com a estrada que dá acesso a uma das entradas para a Quinta da Grinja. Metade está asfaltada. Outra metade aguarda há anos pelo alcatroamento. “Será que não somos cidadãos portugueses? Também pagamos os impostos”, diz um pouco revoltado Carlos Silva, 60 anos.Atravessamos a estrada onde brincam as crianças e seguimos pela outra “estrada” em terra batida que dá acesso à Quinta da Grinja. Encontramos João Vicente, 59 anos, e o neto. “Não há sequer uns banquinhos aqui à volta para podermos descansar”, conta o morador. “As pessoas daqui estão abandonadas pela Câmara de Vila Franca. Aqui não há nada. É só pó e lama. Podiam construir um espaço para desporto. Criar zonas verdes que não existem. A câmara devia olhar mais para aqui”, aconselha Fábio Moisão, 22 anos que cresceu no Quinta da Grinja. O jovem costuma falar com os amigos durante a noite que também lamentam que não haja um sítio onde possam passar o tempo.A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira garante que já desenvolveu um projecto de requalificação paisagística da zona envolvente à Quinta da Grinja, mas escusou-se a avançar uma data para o início das obras. Refere que o projecto já teve a aprovação da junta de freguesia e que “está a aguardar o parecer da EPAL, tendo como eixo principal de intervenção a Rua António Sérgio. A intervenção prevê o arranjo da metade da estrada em terra batida, que aguarda há anos por asfalto e que dá acesso à Quinta da Grinja.Entre o Adutor da EPAL e a A1 a junta de freguesia está a desenvolver uma zona de lazer que prevê a colocação de bancos e grelhadores, na actual rua João Gonçalves. A autarquia esclarece que “no âmbito do alvará de loteamento a montante da Rua António Sérgio está prevista a construção de um Parque Infantil”, sem no entanto adiantar datas. Piscinas abandonadas e parque infantil desmontadoA Quinta da Grinja e o Bairro da Pedra Furada ficam a poucas dezenas de metros das Piscinas Municipais de Vila Franca de Xira. As piscinas antigas, construídas ao ar livre e situadas por detrás das novas piscinas cobertas, estão sem uso e completamente abandonadas como pudemos comprovar no local.Uns metros mais acima existia um pequeno parque infantil, que há cerca de dois meses foi desmontado, mas os aparelhos continuam deitados no chão. Os moradores afirmam que os dois espaços eram usados pelas crianças mas que “até isso lhes tiraram”.A autarquia responde que “tem em perspectiva incorporar o tanque de aprendizagem na piscina coberta, ao mesmo tempo que o parque infantil está a ser equacionado, no âmbito dos diversos trabalhos em curso no parque de campismo”, que existe no local.
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