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Lentidão de tractores e máquinas agrícolas desespera quem anda na estrada

Lentidão de tractores e máquinas agrícolas desespera quem anda na estrada

Entidades dizem que nada podem fazer e condutores arriscam cada vez mais ultrapassagens perigosas

Quem espera desespera e o desespero dos condutores que são obrigados a circular a passo de caracol atrás dos tractores leva muitos a ultrapassagens suicidas. As entidades responsáveis pelo trânsito dizem que nada podem fazer.

Todos os dias, João Paiva demora cerca de uma hora e dez minutos para fazer a viagem entre Porto Alto e a zona industrial de Santarém. São cerca de 50 quilómetros, seguindo pela EN 118, e em condições normais, o mecânico garante que não demorava mais de 45 minutos mas a circulação de tractores e máquinas agrícolas fazem-no desesperar. “Numa destas manhãs contei que ultrapassei 18 tractores e quatro máquinas agrícolas. Num dos casos andei mais de cinco minutos a 20 km hora porque não havia condições para fazer a ultrapassagem”, explica. O tormento vai manter-se. A Estradas de Portugal e o Governo Civil do Distrito de Santarém não têm previstas quaisquer medidas restritivas à circulação daqueles veículos.O mecânico tem como alternativa a Auto-estrada do Norte (A1), mas custa-lhe quase seis euros por dia de portagens “e a vida não está fácil”, explica a O MIRANTE.Dina Figueiredo vive o mesmo problema quando se desloca de Samora Correia para a Zona Industrial de Azambuja, onde trabalha. “Não percebo como é que os tractores andam a circular a toda a hora sem restrições. Alguns nem sequer se encostam à berma para facilitar a ultrapassagem”, refere. A condutora, sugere que os tractores utilizem a estrada do campo que liga a Ponte de Benavente à Recta do Cabo. “Sempre ajudava um bocadinho”, diz.Mas isso não irá acontecer por causa do mau estado daquela via. “Os tractores carregados até ao limite perdem parte da carga e além disso a estrada tem muito movimento”, explica Luís Dias, agricultor de Benavente. Dina Figueiredo tem mais razões de queixa. “As luzes dos piscas estão sujas do pó dos campos e nós não vemos nada. Depois admiram-se que aconteçam acidentes”, refere. Este ano ainda não há registo de acidentes com vítimas mortais com tractores, mas nas últimas campanhas de Verão morreram várias pessoas em acidentes envolvendo máquinas agrícolas nos distritos de Santarém e Lisboa como O MIRANTE noticiou. Há um mês, um militar da GNR morreu quando a moto que conduzia chocou com uma máquina em Marinhais. Foi o último caso conhecido.GNR intensifica fiscalização na região A Estradas de Portugal e o Governo Civil do Distrito de Santarém não têm previsto medidas restritivas à circulação de veículos lentos de apoio à agricultura no período de maior intensidade de movimento de tractores e máquinas agrícolas nas estradas da região. Perante as queixas dos condutores que todos os dias utilizam a EN 118 entre Porto Alto e Abrantes, a EN 3 entre Santarém e Carregado, a EN 1 entre Vila Franca e Carregado e a EN 10 entre Porto Alto e Vila Franca de Xira (Recta do Cabo), O MIRANTE questionou a Estradas de Portugal que esclarece que “não é possível o condicionamento de circulação de veículos agrícolas” e acrescenta que não compete à EP a selecção de estradas alternativas. O chefe de gabinete do Governo Civil do Distrito de Santarém, Carlos Catalão diz que a única novidade é que este ano não é possível circular no troço do IC10, na Ponte Salgueiro Maia, que liga Almeirim a Santarém. A circulação foi autorizada a título excepcional enquanto decorreram as obras na Ponte D. Luís. E nesse período registou-se um acidente mortal. Foi em Agosto de 2007, um jovem de Marinhais morreu na sequência de um embate na traseira de um tractor. Os pais da vítima avançaram com um processo contra o director de estradas do distrito de Santarém, mas ainda não houve uma decisão do tribunal.Os condutores consideram que a circulação de viaturas lentas é um factor de stress acrescido que leva a que alguns arrisquem ultrapassagens em lugares sem condições. Os agricultores argumentam que têm que circular a toda a hora porque têm horários a cumprir nas entregas dos produtos nas fábricas e armazéns. “Temos de governar a nossa vida. Desde que estejamos na lei”, diz Domingos António, produtor de tomate e melão. “Já temos problemas que cheguem, não nos arranjem mais”, acrescenta Miguel Marques, jovem agricultor de Salvaterra de Magos. A GNR intensificou a fiscalização nas estradas da região, mas fonte da Guarda diz que a maior parte das infracções tem a ver com ultrapassagens irregulares feitas para fugir à lentidão do trânsito.A GNR salienta o esforço que as fábricas de tomate de Benavente e Azambuja fizeram para criar condições para o estacionamento dos tractores e camiões carregados de tomate no interior das instalações, evitando o estacionamento “abusivo” á beira da estrada. Por outro lado, o recurso a camiões de grande capacidade para transporte dos produtos agrícolas reduz o número de tractores em circulação.
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