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Burrinhos e um pouco salazarentos

No Museu das Belas Artes da cidade do México vi e admirei um quadro com um velho quase raquítico de barbas muito grandes tendo por perto uma jovem e bela mulher de seios desnudados. Diz a lenda que o velho foi preso pela guarda da cidade acusado de um crime que não terá cometido. O castigo foi a prisão e o jejum para que morresse o mais depressa possível. Três meses depois de ser encarcerado, nas piores condições que se podem imaginar, o velho ainda sobrevivia. Quando alguém se lembrou dele, e foi tentar perceber o que é que o mantinha ainda vivo, sem comer e sem beber durante três meses, começou a correr a notícia de que poderia ser santo. Um dia alguém espreitou na hora e no momento certo pelo buraco da fechadura e descobriu o segredo da resistência do velho. A sua filha, a jovem e bela modelo do quadro, que tinha sido mãe na noite em que o pai foi preso, alimentava-o durante as suas curtas visitas diárias dando-lhe o leite do seu próprio peito.Lembrei-me da beleza desta história, recentemente, quando li uma das mais horríveis saídas da pena de um escritor excepcional que escreveu um dos livros que mais gostei de ler nos últimos tempos. Não partilho a história por ser demasiado violenta fora do contexto da trama do livro mas deixo a indicação do livro e do autor para quem gosta de novidades ( As Meninas da Numídia. Mohamed Leftah. Trad. de Jorge Pereirinha Pires. Edição Quetzal). Tomei boa nota da visita de Hillary Clinton a Angola e a Cabo Verde e não ouvi nem li nada sobre a intervenção de Portugal na organização e preparação desta importante iniciativa para os dois países de língua portuguesa. Portugal continua a ser um desastre na relação com os países de língua portuguesa. Temos a língua comum de alguns dos países cujas economias podem ser das mais emergentes do mundo, como é o caso do Brasil e de Angola, e ficamos nas covas sempre que a seguir s palavras precisamos de provar alguma coisa relativamente ``a importância que dizemos ter no vértice do triângulo Europa-África-América. Burrinhos e um pouco salazarentos é o que somos ainda ao nível da política externa comparando com o que podíamos ter aproveitado desta visita de Hillary com o que recentemente nos aconteceu na Venezuela onde fomos pagar tributos indevidos ao fascista que governa aquele país. JAE

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