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Vestígios arqueológicos revelam origem da Castanheira do Ribatejo

Vestígios arqueológicos revelam origem da Castanheira do Ribatejo

Especialistas defendem continuação das escavações em terreno privado

Uma obra da EPAL revelou importantes vestígios arqueológicos passados agora para livro. Mas os especialistas acreditam que há ainda muito mais para descobrir. Só que o terreno a ser explorado é privado e está licenciado para construção.

Os arqueólogos e autores do livro “A Villa Romana da Sub-Serra de Castanheira do Ribatejo – Vila Franca de Xira – trabalhos arqueológicos efectuados no âmbito de uma obra da EPAL”, defendem a continuidade e a expansão das escavações no local onde foram encontrados consideráveis vestígios arqueológicos, que estiveram na origem do livro agora publicado. De acordo com os arqueólogos, as estruturas e o vasto espólio descoberto é apenas uma parte daquilo que está ainda por descobrir e que poderá ter estado na génese da Castanheira do Ribatejo. O problema é que o terreno a ser explorado é privado e está licenciado para a construção de oito blocos habitacionais.“Prevê-se que grande parte da villa, das restantes ocupações, que passam pelo visigótico e pelo medieval islâmico, estejam lá, ainda preservadas”, confessa Mário Monteiro, 44 anos, arqueólogo e representante da EMERITA. A empresa portuguesa de arqueologia foi contratada pela EPAL para fazer as sondagens e determinar a origem e o tipo de vestígios arqueológicos, que foram aparecendo durante a empreitada de duplicação do Adutor de Castelo do Bode, entre a Quinta da Marquesa e a Central Elevatória de Vila Franca de Xira (próximo do novo Centro de Saúde da Castanheira do Ribatejo).Entre Setembro de 2006 e Janeiro de 2007 os arqueólogos que estiveram na Castanheira do Ribatejo encontraram numa vala de 45 metros significativas descobertas. “Ao nível de estruturas, o aqueduto que está na capa do livro, mosaicos, policromos, silos islâmicos e muros do período romano. Quanto ao espólio, encontrámos cerâmica, vidros, metais e sigilatas”, revela Luísa Batalha, 48 anos, uma das arqueólogas que esteve no terreno. O material recolhido ao longo dos quatro meses ainda está a ser estudado e provavelmente será entregue a Vila Franca de Xira.Mas desde 2007 que os trabalhos estão parados. A zona foi devidamente selada para proteger e salvaguardar a história. Mas os arqueólogos acreditam que ainda há muito por descobrir. Talvez o mais importante. “Esta vala mostrou uma riqueza científica e patrimonial bastante elevada. É uma vala só. Imagine-se o que não haverá onde estão as outras estruturas. Encontrámos um contraforte que nos diz claramente que a construção tem continuidade para o terreno privado”, conta Mário Monteiro.Luísa Batalha acrescenta: “É necessário abrir a área para se tentar perceber o conjunto de estruturas que, de certeza, existem ali. O aqueduto, as paredes e o piso policromo projectam-se no corte poente. É uma zona com todo o interesse de se vir a escavar pois vai revelar-nos dados importantes”, garante a arqueóloga.Para Guilherme Cardoso, 57 anos, arqueólogo e responsável pela orientação científica da equipa que esteve no terreno, as escavações não podem ficar por aqui. “O espaço que virá a ser descoberto pode ser aproveitado, não só no aspecto cultural mas também poderá criar-se um pólo turístico da região de Vila Franca de Xira”, vaticina o membro da Assembleia Distrital de Lisboa de arqueologia.Na sua opinião as descobertas feitas e o que ainda haverá por desvendar representa a origem da Castanheira do Ribatejo. “Terá começado na idade do ferro, período pré-romano e terá perdurado até ao século XII”, afirma o professor Guilherme Cardoso. Os arqueólogos não estão contra a construção dos oito blocos para construção. Mas primeiro pedem que os deixem estudar o que ainda está por descobrir. “ O património cultural pertence a todos e a história local é a identidade de um povo. Há sempre o interesse científico”, garantem.Até ao fecho de edição não obtivemos resposta da Câmara de Vila Franca de Xira sobre se vai propor a alteração do Plano Director Municipal (PDM) e classificar o terreno privado como área de interesse arqueológico. A presidente da autarquia chegou a estar no local das escavações juntamente com o presidente da EPAL durante os trabalhos exploratórios e tem conhecimento da situação. Maria da Luz Rosinha esteve também presente no lançamento do livro – escrito por nove autores – que decorreu terça-feira, 1 de Setembro, no Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira.
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