Santarém a seus pés
Santarém nunca tinha visto nada assim desde que há poder local democrático. Há quatro anos o PSD e Francisco Moita Flores aliaram-se e conseguiram acabar com o poder socialista de quase 30 anos no município escalabitano. Na altura foi pouco menos que um escândalo, até porque o presidente socialista e recandidato, Rui Barreiro, só tinha feito um mandato. Ou seja, mal tinha tido tempo para aquecer o lugar.Quatro anos depois, com alguns cirúrgicos atritos internos e uma oposição domesticada com subtileza umas vezes, à bruta noutras, Moita Flores arrasou a concorrência com uma demonstração de força semelhante à de um carro de combate numa loja de porcelanas. O homem que inventou a Santarém - Capital da Liberdade, que ajudou a recolocar Salgueiro Maia no lugar que merece na história da cidade, que criou e ressuscitou festas, que amalgamou social-democratas, socialistas e comunistas no mesmo projecto político, que cavalgou polémicas aparentemente desnecessárias, mostrou como se afugentam mitos e se quebram preconceitos - a socialista Santarém rendeu-se a seus pés. Sem perceber nada de política (diz ele!) deu lições a muitos catedráticos ao longo destes quatro anos. E na hora H confirmou que (nalguns casos) os partidos valem bem menos que as pessoas que dão a cara por eles.
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