O PS venceu em Vila Franca de Xira, mas Maria da Luz Rosinha, releeita presidente da câmara, perdeu a maioria absoluta nas eleições autárquicas de domingo, 11 de Outubro. A autarca obteve 43,98 por cento dos votos correspondentes a 24.141 eleitores. Menos 2,16 por cento que há quatro anos quando arrecadou a maioria absoluta com 46,14 por cento dos votos (23.751 votantes).Apesar do aumento do número de votos o executivo socialista só conseguiu eleger os cinco vereadores que já tinha mas que não chegaram para manter a maioria absoluta. O aumento da população, que ultrapassou os 100 mil eleitores, ditou que o concelho tivesse direito a escolher onze vereadores em vez dos habituais nove, o que foi determinante na distribuição dos vereadores para o executivo agora alargado.O grande destaque vai para a Coligação “Novo Rumo” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM) que arrecadou precisamente esses dois novos lugares, passando de um para três vereadores. Em percentagem, a coligação aumentou dos 16,37 por cento (8429 votos) em 2005 para 23,35 por cento (12.820 votos).A CDU elegeu os três vereadores que havia conquistado há quatro anos e conseguiu, por apenas 291 votos, manter o título de segunda força política do concelho. A Coligação Democrática Unitária subiu o número real de votos em cerca de uma centena, obtendo um resultado que se cifrou nos 23,88% (13.111 votos). Em 2005, a CDU teve 25, 28 por cento das intenções de voto (13.012 votos).O Bloco de Esquerda (BE), assim como em 2005, não conseguiu eleger um vereador como era seu objectivo. Os resultados deste ano, 5,83 por cento (3199 votos), foram até piores do que há quatro anos quando conseguiram convencer 6,5 por cento de eleitores (3346 votos). A abstenção foi de 47,8%, praticamente o mesmo valor que nas eleições autárquicas de 2005, onde os não votantes atingiram os 48,2 por cento.Os resultados oficiais só foram conhecidos após a meia-noite e depois de mais de duas horas em suspenso à espera dos resultados da freguesia da Póvoa de Santa Iria, que foram decisivos para a atribuição do terceiro vereador à Coligação “Novo Rumo”, que dessa forma fez com que o PS perdesse a maioria absoluta.Nas reacções aos resultados, Rosinha foi a primeira a pronunciar-se nos paços do concelho. Depois de felicitar “aqueles que tiveram um resultado mais significativo” a autarca disse que o PS ganhou as eleições e que o partido recolheu mais votos do que há quatro anos.A edil lamentou “que a abstenção continue a ter uma expressão tão forte” e que esse facto deve servir “para repensar a forma de aproximar mais o poder local dos eleitores” de Norte a Sul do país.O relógio já marcava quase meia-noite e meia quando Maria da Luz Rosinha explicou como vai gerir os equilíbrios políticos, sem a maioria absoluta. “Procurar entendimento com alguma das duas forças. É uma questão a analisar”, disse a presidente. Rosinha rumou depois até à sede do partido onde fez uma pequena declaração perante não mais de três dezenas de apoiantes e alguns presidentes de junta, agradecendo o apoio. Mas sem o brilho e a alegria de outros tempos.Contrastando com a festa comedida do PS na sede de campanha da Coligação “Novo Rumo” viviam-se momentos de alegria. “Foi uma vitória de uma equipa. Vamos levar o cargo até ao fim e daqui a quatro anos vamos vencer a câmara”, afirmou o cabeça de lista pela coligação. Para João de Carvalho há uma razão principal pelos resultados alcançados: “O descontentamento das pessoas que vieram morar para o concelho. O voto das novas urbanizações é que fez a diferença”, salientou o futuro vereador.Sobre o futuro diz-se disponível para manter acordos com o PS mas adianta que as propostas têm de partir de quem venceu. “Mas como vivemos em democracia, acredito que chegaremos a um entendimento”, garantiu João de Carvalho, o grande vencedor da noite eleitoral.Para o cabeça de lista da CDU a Coligação Democrática Unitária subiu em cerca de cem votos e saiu reforçada no acto eleitorial, tendo em conta que se mantém como segunda força política do concelho e conseguiu que fossem reeleitos os presidentes de junta de Vialonga e Castanheira do Ribatejo.Nuno Libório mostrou-se também disponível para acordos com o PS, desde que o executivo socialista “perca os tiques de arrogância” e que haja vontade de mudança no rumo das políticas que têm vindo a ser seguidas. Tentámos contactar com o cabeça de lista do BE, Carlos Patrão, mas até ao fecho de edições não nos foi possível obter uma reacção.Juntas de Freguesia mantêm as cores políticasSe na composição do executivo para a Câmara de Vila Franca de Xira houve alterações significativas, o mesmo não se poderá dizer das juntas de freguesia, onde os novos líderes continuam a defender as cores que já prevaleciam. Tudo na mesma como há quatro anos. O PS mantém as nove juntas de freguesia e a CDU as duas restantes.Na freguesia de Vila Franca de Xira, José Fidalgo foi reeleito pelo PS mas perdeu a maioria absoluta. Em Alhandra, Jorge Ferreira (PS) não se recandidatou mas o seu sucessor, Luís Filipe, venceu. Em Alverca, Afonso Costa (PS) é reeleito mas também não consegue obter a maioria absoluta. No Sobralinho, José Peixeiro (PS) mantém-se à frente dos destinos da freguesia. António Inácio vence no Forte da Casa. José Inácio do Vale, nas Cachoeiras, e António Salvador, na Calhandriz, deram vitórias ao PS.Em São João dos Montes, Anabela Bastos não se recandidatou mas Hugo Vicente, de 27 anos, garantiu o triunfo para os socialistas. Na Póvoa de Santa Iria, Jorge Ribeiro foi reeleito mas sem maioria absoluta e com menos de 900 votos de diferença para o candidato da Coligação “Novo Rumo”, numa freguesia em que estão inscritos mais de 21.000 eleitores.Na Castanheira repete-se a maioria CDU de há quatro anos com Ventura Reis. Finalmente em Vialonga, sem maioria absoluta, a CDU manteve o poder, apesar de haver a troca de Manuel Valente por José Gomes.PS com maioria na assembleia municipalO PS perdeu a maioria absoluta na câmara mas fica com a maioria na Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira com 23 votos, contra os 21 da restante oposição. Aos 14 eleitos pelo PS, juntam-se os nove presidentes de junta com assento naquele órgão por inerência. O presidente, também do PS, será João Quítalo.A CDU ficará com 9 lugares, a Coligação “Novo Rumo” com 8 e o Bloco de Esquerda (BE) com 2.