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Etnografia na obra de Alves Redol abordada em colóquio

Etnografia na obra de Alves Redol abordada em colóquio

Celebração dos 40 anos sobre a morte do autor e dos 70 anos do lançamento de “Gaibéus”

Vítor Viçoso e João David Pinto Correia, docentes na Faculdade de Letras de Lisboa, estiveram em Vila Franca de Xira para falar do estudo das tradições populares e do engenho e arte de Alves Redol que nos seus romances dava a “conhecer o povo ao povo”. Patrícia Cunha Lopes

Escritor neo-realista, autor de romances que foram documentos vividos de denúncia das condições sociais dos trabalhadores dos campos ribatejanos, Alves Redol, nascido em Vila Franca de Xira, foi homenageado esta quinta-feira na sua terra natal, num colóquio que teve lugar no Clube Vilafranquense.A palestra, promovida pela Cooperativa Alves Redol, centrou-se essencialmente na etnografia presente nas obras do autor, com maior destaque para “Glória, Uma Aldeia do Ribatejo”, O “Cancioneiro do Ribatejo” e “O Romanceiro Geral do Povo Português”.Perante uma plateia de pouco mais de 30 pessoas que encheu a sala do Clube Vilafranquense, Vitor Viçoso e João David Pinto Correia, docentes na Faculdade de Letras de Lisboa, falaram do estudo das tradições populares e do engenho e arte de Alves Redol, que nos seus romances dava a “conhecer o povo ao povo”.Entre os presentes, destaque para alguns familiares de Alves Redol, como o filho, António Mota Redol, que considera importante que as obras sejam analisadas e discutidas, uma vez que dão origem a outras perspectivas que as pessoas não tinham.Também o presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, José Fidalgo, e a presidente da Câmara de Vila Franca de Xira fizeram questão de marcar presença. Maria da Luz Rosinha considera que este colóquio é particularmente interessante “porque mostra uma vertente que não é muito habitual, ou seja, o traço de Alves Redol à volta da etnografia e das tradições culturais da sua região”.A etnografia presente nas obras de Alves Redol pretendia chamar a atenção para uma cultura popular viva e para as tensões presentes no mundo rural. Ao contrário do que sucedeu noutros países com outros autores, em Alves Redol não é o proletariado industrial que assume o protagonismo nas obras, mas sim o proletariado rural, como sucede em “A Fanga” ou “Gaibéus”.Com esta visão os escritores neo-realistas de tendência marcadamente marxista tentavam contrariar a visão idílica e paradisíaca do campo projectada pelo Estado Novo, dando a conhecer um imaginário social que era o oposto àquele apresentado pelo regime ao mesmo tempo que dignificavam o povo enquanto sujeito criador.Durante o colóquio, houve ainda espaço para a celebração dos 70 anos da publicação do romance “Gaibéus” e também dos 40 anos passados sobre a morte do escritor. Foram ainda focados os três eixos presentes nas obras de Alves Redol: o documentarismo etnográfico, o lirismo telúrico de grande ligação à terra ribatejana e a forte mensagem política de cariz social.No final do evento, apesar de aspirar a uma sala ainda mais cheia, o responsável da Cooperativa Alves Redol, Arlindo Gouveia, mostrou-se satisfeito pela adesão da população ao evento. “Para a Cooperativa, esta é uma forma de intervenção e de reflexão e este tipo de iniciativas são também uma forma de defender a cultura”, conclui.
Etnografia na obra de Alves Redol abordada em colóquio

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