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A melhor prenda de Natal seria a autorização de jogar futebol oficialmente no CADE

Luís Eduardo e Paulo Vítor dois jovens brasileiros a viver em Portugal impedidos de jogar oficialmente

Luís Eduardo (Edu) e Paulo Vítor são dois jovens brasileiros, 13 anos, têm como paixão o futebol. Treinam no CADE - Clube Amador de Desportos do Entroncamento, têm valor para jogar, mas estão impedidos de o poder fazer porque a burocracia impede a sua inscrição.

Os pais dos dois jovens já vieram para Portugal há vários anos. Os filhos vieram há menos tempo, mas estão totalmente integrados na sociedade. Estudam na escola do Entroncamento, participam nas acções do desporto escolar e convivem com os amigos na cidade. Apenas jogar futebol oficialmente lhes está interdito.Luís Eduardo está em Portugal há seis meses, os pais já vivem no Entroncamento há seis anos. Garantiu a O MIRANTE, pouco antes de mais um treino no CADE, que “a melhor prenda de Natal que me podiam dar era deixarem-me jogar oficialmente na equipa de iniciados do CADE”.O jovem garante que é muito difícil estar a treinar e depois nos dias de jogos só poder assistir. “Às vezes tenho vontade de saltar para dentro do campo para ajudar os meus amigos. Outras vezes até sinto vontade de chorar. Felizmente conto com a ajuda dos meus companheiros, dos treinadores e dirigentes para me ajudarem a esperar pelo documento que há-de chegar do Brasil para poder jogar”.Luís Eduardo já jogou futebol oficialmente no Brasil, daí a justificação para a necessidade de ser obrigatória uma carta de desvinculação para poder ser inscrito. “É isso que tem demorado a minha inscrição”. Paulo Vítor está ainda há mais tempo em Portugal, veio do Brasil há dois anos, nunca jogou futebol oficialmente, só começou quando os amigos o convidaram a acompanhá-los no treino no CADE. Por isso é mais estranho a dificuldade em poder ser inscrito.O CADE tudo tem feito para inscrever os dois jovensO dirigente do CADE, José Eduardo, garantiu a O MIRANTE, que o clube tudo tem feito para inscrever os dois jovens jogadores. “Mas chocamos com uma burocracia que nos deixa de rastos e com poucas possibilidades de vermos os jovens a jogar oficialmente ainda esta época”.A saga relativa à inscrição dos jovens Luís Eduardo e Paulo Vítor começou no início de Agosto. “Começámos a tratar da papelada dos dois jovens em Agosto de 2009, na altura tivemos conhecimento que o Edu já tinha tido uma inscrição no Brasil. Tratámos de todo o processo, fizemos a tradução de toda a papelada como é exigido pela FIFA, entregámos a documentação na Associação de Futebol de Santarém (AFS), com o pagamento da inscrição à cabeça. Estava tudo em ordem, e a AFS enviou-a para a Federação Portuguesa de Futebol”, disse José Eduardo.“Ficámos a aguardar uma resposta, e no início de Outubro houve uma alteração dos regulamentos e toda o processo passou a ser mediado pela FIFA. Situação que nos obrigou a tratar de novos documentos. Tratámos de tudo, foi tudo feito como solicitado, e voltámos a entregar o processo”, disse José Eduardo, que garante sentir uma grande tristeza por ver estas crianças impedidas de jogar.José Eduardo garante mesmo não conseguir compreender tanta burocracia, nem como não pode ser resolvido em Portugal um caso como este. “Os dois jovens e os pais estão completamente integrados na sociedade portuguesa, estudam e praticam desporto a nível do Desporto Escolar em Portugal, têm direito a assistência médica e à Segurança Social, mas não podem jogar futebol sem autorização da FIFA. Não compreendo como é que estes organismos se possam ultrapassar às leis do nosso próprio país”.O dirigente do CADE, não está contra os organismos do futebol português. “Não tenho nada a apontar à Federação Portuguesa de Futebol ou à Associação de Futebol de Santarém, ajudaram-nos a tratar de toda a papelada, fizeram tudo o que deviam, mas chocam também com a burocracia da FIFA”.Mas afinal as dificuldades vêm das federações dos países de nascimento dos jovens. E nesse campo a federação brasileira é que mais dificulta a resolução dos problemas.Associação de Futebol de Santarém apoia os clubesConfrontado com a situação dos jovens do CADE, o presidente da AFS, Rui Manhoso, não se quis referir ao problema em concreto. “Temos mais casos desses para resolver na nossa área de acção”, disse.Mas Rui Manhoso, explicou que o problema não é provocado, nem pela AFS nem pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e mesmo pela FIFA. “Nós seguimos todos os trâmites legais, temos ajudado os clubes no que é possível, mas há uma grande dificuldade em aceder às confirmações das federações estrangeiras de que os jovens podem ser inscritos”.Segundo o presidente da AFS, há vários casos por resolver, e todos esperam e desesperam pelas confirmações das federações estrangeiras. “E as federações de países de fora da Europa dificultam muito as coisas. As confirmações do Brasil são as mais difíceis e demoradas. Temos conseguido resolver alguns problemas com a ajuda da família dos jovens, que estão no Brasil, que vão à federação e conseguem apressar o envio da documentação, só depois é que a FPF pode enviar os documentos para a FIFA, que não leva muito tempo a confirmar a inscrição”.Rui Manhoso está de acordo com as preocupações dos dirigentes e sobretudo com a tristeza dos jovens. “As associações e a FPF estão a estudar uma possibilidade de colocar os jovens a jogar mais depressa, mas ainda não se conseguiu chegar a qualquer conclusão”.

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