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A presidente da câmara que é apaixonada por presépios

Maria da Luz Rosinha prefere as figuras da natividade ao tradicional pinheiro

É a presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira que prepara a ceia de natal para a família. Bacalhau à “Maria da Luz Rosinha”. As azevias e os sonhos ficam para quem tem mais tempo. Ana Santiago

O pinheiro de Natal nunca foi tradição na casa de Maria da Luz Rosinha, mas a presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira confessa-se uma apaixonada por presépios. Este ano já tem três em sua casa. “Um dos presépios montei-o com o meu neto que partiu logo a figura de Nossa Senhora”, comenta com humor. O presépio da casa dos pais era feito com musgo natural que Maria da Luz Rosinha apanhava na zona de Santa Sofia. Eram figuras muito rústicas e pequenas que compunham o presépio. Os seus presépios são agora mais sofisticados e limitam-se às figuras principais. A figura do Pai Natal também nunca fez parte do seu imaginário infantil. “Quando era pequena achava que as prendas vinham pela chaminé. Não sabia quem as trazia, mas a figura do Pai Natal nunca esteve associada. Era mais o menino Jesus”. Maria da Luz Rosinha tinha que esperar até à meia-noite para ver a prenda. O presente era apenas um, mas a felicidade não era menor por isso.Recorda o Natal mais longínquo da sua memória em Vila Franca de Xira. A mãe a preparar as filhós. Maria da Luz Rosinha à espera que a meia-noite batesse para ver se caía qualquer coisa no sapatinho que tinha posto na chaminé. E caiu: “O que tive foi uma panelinha de chapa de alumínio para fazer as minhas brincadeiras de cozinha”. Ao contrário da maioria não guarda as compras para o fim. Compra lembranças durante o ano inteiro. “Sou capaz de comprar presentes de Natal em Janeiro. Às vezes nas viagens de trabalho. Há sempre um momento em que vejo qualquer coisa que penso que alguém gostaria de receber. No dia a dia não tenho tempo”. Para o neto, de 20 meses, quer comprar muitos presentes. “Não interessa muito o quê. Interessa que tenha muito para desembrulhar”. Cozinhar é uma paixão por isso não abdica de preparar a ceia de Natal (ver caixa). Por questões de tempo os doces são entregues a outras pessoas da família. Cada um faz aquilo que sabe fazer melhor. Comprar doces feitos também não é política lá em casa. “Perde um bocadinho a graça. Fazer a comida também faz parte da festa”. Fatias douradas, bolo-rei, sonhos e azevias têm lugar cativo. “Tinha uma tia que fazia azevias maravilhosamente. Pelava o grão para passar e fazer o doce”. Durante anos a fio confeccionou o pudim de pão inglês. “Um dia vou voltar a fazer”, promete.O Natal é uma época em que é invadida por alguma tristeza. Se neste período as pessoas estão muito disponíveis para ajudar o mesmo não acontece no resto do ano. “Há muita gente que não tem nada. Tanto faz ser Natal como não ser. Devíamos alongar este espírito ao ano inteiro”. Tem por hábito distribuir bolo-rei a cada um dos trabalhadores do município que se ocupam da recolha do lixo. Há 12 anos que o faz. “Normalmente são trabalhadores ignorados que se esforçam muito para que tenhamos as coisas em ordem e a quem as pessoas não dão muita importância, o que é mau”.Fora do contexto do orçamento municipal também são distribuídos cabazes de Natal. Para isso Rosinha conta com pessoas amigas com boa situação económica. Os apoios alimentares que a câmara atribui todos os meses também chegam mais cedo, a tempo do Natal. A título pessoal Maria da Luz Rosinha colabora com algumas instituições do concelho. Este ano vai voltar a fazer, mas com discrição. “Esta minha condição de presidente de câmara permite-me receber imensas coisas, mas também ajudar muitas pessoas”.Bacalhau à Maria da Luz Rosinha É presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, mas nem por isso abdica de preparar a ceia de Natal para a família de doze elementos que reúne todos os anos à volta da mesa. O prato eleito não é o bacalhau cozido com couves, mas uma receita especial a que se rendeu nos últimos anos: “bacalhau à Maria da Luz Rosinha” que deixa a receita sabendo de antemão que “quem experimentar vai ficar contente”. O bacalhau é assado e desfiado. Reserva-se num sítio onde se mantenha quente. Por esta altura já se cozeram as batatas aos quadradinhos pequeninos, tal como a cabeça de nabo, mas tudo em separado. O feijão branco é pré cozido mas deve aquecer-se. A broa partida prepara-se também aos quadradinhos. Tal como os grelos. Tudo isto se põe em camadas numa travessa, rega-se com bom azeite – português - e leva-se ao forno. Os gostos penetram uns nos outros e sai uma excelente ceia de natal, garante. “O prato não tem sempre um nome específico. Na minha família cada um lhe atribui um nome, mas está sempre associado a mim”.

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