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Natal brasileiro com peru, pernil de porco e arroz à grega

Natal brasileiro com peru, pernil de porco e arroz à grega

Festa até de madrugada como se fosse passagem de ano com família e vizinhos

Na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, de onde é natural Ludmila Silva, a consoada é em família ou no meio da rua em conjunto com os vizinhos. Jorge Afonso da Silva

“Bacalhau no Brasil é muito caro e não é tão bom quanto o daqui. Só se come na Páscoa”, garante Ludmila Silva. A jovem, 28 anos, há 11 que decidiu atravessar o Atlântico e tentar a sorte em solo luso. Actualmente é cozinheira num restaurante em Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira.Apesar da distância, de dois em dois anos, faz questão de regressar a Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais, para passar o Natal em família. Uma época “mágica”, de “muita fraternidade”, em que os centros da cidade ficam “em chamas” e a animação é garantida. As pessoas enfeitam as casas e colocam a árvore de Natal para à meia-noite receberem os presentes do homem da barba comprida e branca.“Temos uma uva pequena e docinha que só se consome nessa época porque apenas se cultiva no Rio Grande do Sul. Parece que toda a cidade cheira a essa uva”, relata a jovem com um brilho nos olhos que denunciam a saudade.O dia 24 de Dezembro é passado quase todo ele a cozinhar e a limpar. Tudo para que quando forem oito ou nove da noite esteja tudo pronto para receber a restante família. A casa dos pais de Ludmila acolhe os seis irmãos a que se juntam as esposas ou maridos, filhos e namorados. Fica um lar bem composto e animado.Mas a noite da família também pode ser comemorada de uma forma bem diferente. “As famílias do bairro decidem-se juntar e comem todas reunidas numa mesa grande colocada no meio da rua”, conta a jovem.Em ambos os casos está assegurada a presença do belo peru de Natal – caso não haja, come-se frango, que é o mais parecido – do pernil de porco ou o arroz à grega (feito com frutas e uvas passas), que são os três manjares clássicos e típicos da noite de consoada. Reza a história que é sempre abençoada pela chuva, mesmo que durante o dia tenham estado 40 graus. Torta de frango com pão de forma, muita fruta e poucos doces – apenas uma mousse parecida com gelatina – completam a ementa que é acompanhada com um “suco de uva” e o champanhe é cidra. Antes do jantar é habitual assistir-se à missa do galo e fazer-se uma oração.Depois da meia-noite começa a verdadeira animação. Os presentes, colocados junto da árvore de Natal são abertos e todos rumam ao exterior. “ Toda a gente se abraça. As crianças vão para a rua andar na bicicleta nova, chutar na bola que acabou de receber. No fundo mostram os presentes uns aos outros. Os jovens ficam na esquina a namorar. Ao contrário de Portugal todas as pessoas se misturam e ninguém fica sentado à mesa. Vive-se um clima de passagem de ano ou de campeonato do mundo de futebol”, assegura Ludmila Silva que concluiu. “A festa dura até o dia clarear. Da última vez deitei-me às duas da tarde de 25 que é mais um dia para ressacar e de preguiça”.
Natal brasileiro com peru, pernil de porco e arroz à grega

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